SARESP EM REVISTA
A Descrição da Escala de Proficiência apresenta um diagnóstico do que os estudantes são capazes de realizar em relação às habilidades e competências avaliadas em Provas de Avaliação Educacional em Larga Escala, pautadas pela TRI – Teoria da Resposta ao Item, descrevendo tarefas apresentadas aos estudantes durante as provas, de diferentes edições, indicando a proficiência necessária para que seja alta a probabilidade de o estudante respondê-las corretamente. Essas tarefas são, na verdade, situações-problema apresentadas na forma de itens (questões) de múltipla escolha. Quão maior a proficiência do aluno, maior sua probabilidade de acerto, sendo que os itens terão maior probabilidade de serem respondidos corretamente por aqueles que tenham proficiência igual ou superior ao valor do ponto da Escala onde a tarefa está descrita. Em contrapartida, estudantes com proficiência inferior àquela requerida pelo item têm menor probabilidade de resolverem corretamente a questão que lhes fora apresentada.



Desse modo, a Escala permite conhecer aquilo que se espera que os alunos saibam e sejam capazes de realizar em relação às habilidades e competências avaliadas, sendo que integram a Escala apenas o item com propriedades estatísticas que, segundo a TRI, permitem afirmar que os estudantes com proficiência igual ou superior ao ponto de ancoragem têm maior probabilidade de respondê-lo corretamente, em razão do domínio que tem dos objetos do conhecimento (componentes curriculares) e da habilidade a ele associados.

A interpretação da Escala é cumulativa, de modo que os alunos que estão situados em um determinado nível dominam não só boa parte das habilidades e tarefas associadas àquele nível, mas também as descritas nos níveis inferiores.

A Escala de Proficiência também é cumulativa no sentido de apresentar os resultados de uma série histórica de Avaliações de Larga Escala. No caso da Escala de Língua Portuguesa e de Matemática, estão incluídos os descritores dos itens do SARESP, aplicados aos estudantes da rede estadual paulista nos anos e séries que participaram dessa avaliação desde 2010. No caso da Escala de Ciências e Ciências da Natureza, estão incluídos os descritores das edições de 2010, 2012, 2014, 2021 e 2022. Por fim, a Escala de Língua Inglesa é nova, já que 2022 foi a primeira edição que avaliou língua estrangeira.

Uma vez que os descritores estão ordenados segundo o nível de proficiência que o estudante deve ter para que seja alta a probabilidade de responder corretamente o item, termos como “item fácil” ou “item difícil” perdem o sentido. Nessa perspectiva, o estudante que tem a proficiência necessária terá maior probabilidade de chegar à resposta correta do item, mas se tem proficiência aquém da necessária, tão menor será a probabilidade de responder corretamente esse item quão menor for sua proficiência em relação àquela que esse item requer.

No que se refere à classificação dos níveis de proficiência, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) adota dez níveis: nível abaixo de 1, nível 1, nível 2, até o nível 9. Essa classificação dos níveis de proficiência é diferente da adotada pelo SARESP, no qual há apenas quatro níveis: Abaixo do Básico, Básico, Adequado e Avançado. No caso do SARESP, os limites mínimo e máximo que definem os intervalos de proficiência são os seguintes:




Níveis de Proficiência de Língua Portuguesa do SARESP



Para acessar o percentual de alunos da rede estadual em cada nível de proficiência, segundo os dados obtidos na prova de Língua Portuguesa no SARESP 2022, clique aqui.



Níveis de Proficiência de Matemática do SARESP



Para acessar o percentual de alunos da rede estadual em cada nível de proficiência, segundo os dados obtidos na prova de Ciências e Matemática no SARESP 2022, clique aqui.



Níveis de Proficiência de Ciências e Ciências da Natureza do SARESP



Para acessar o percentual de alunos da rede estadual em cada nível de proficiência, segundo os dados obtidos na prova de Ciências e Ciências da Natureza no SARESP 2022, clique aqui.



Na Escala de Proficiência aqui apresentada, os descritores estão organizados segundo o ano escolar para o qual os itens correspondentes foram apresentados. Ainda assim, independentemente do ano escolar no qual o objeto do conhecimento associado ao item e ao seu respectivo descritor foi trabalhado, a proficiência requerida para que seja alta a probabilidade de ser respondido corretamente, é a mesma. Isso contribui principalmente quando o professor planeja retomadas e revisões, partindo de descritores presentes na escala de anos anteriores ao de sua turma. Por exemplo, o professor do Ensino Médio pode se valer das descrições presentes nas escalas do 9º ano EF para nortear uma proposta de recuperação de certos pré-requisitos que determinado grupo de alunos de sua turma necessita.

Há que se considerar, porém, que se em uma prova aplicada, por exemplo, aos estudantes do 5 ano estiver presente item (questão) que exija conhecimento de componente curricular que seria trabalhado apenas no 7 ou no 8 anos, ainda que esses estudantes do 5 ano tenham a proficiência igual ou superior àquela onde o item ancorou (por exemplo, os estudantes têm proficiência 250 e o item requer proficiência 200), o desempenho desses estudantes na resolução desse item não será aquele esperado pela proficiência que têm. Esse é um ponto que deve ser considerado pelos professores e consultores dessa Escala quando de suas atividades pedagógicas. Ou seja, devem avaliar se os objetos de conhecimento associados aos descritores de um determinado ponto da Escala, em um determinado ano escolar, já foram devidamente trabalhados com os estudantes. Outro ponto a ser considerado é que a Escala não traz uma ordenação das habilidades que os estudantes dominam, mas sim uma descrição sucinta dos itens apresentados nas provas, cada um deles associado à respectiva habilidade. Isso porque, para uma mesma habilidade, podem ser elaborados itens com diferentes níveis de complexidade, itens que requerem dos estudantes diferentes níveis de cognição necessários para a resolução do problema proposto. Desse modo, é compreensível que em diferentes pontos da Escala encontremos descritores que expõem diferentes “desafios” apresentados aos estudantes, ainda que associados a uma mesma habilidade.



Esse ponto é bastante relevante uma vez que o educador, sabedor que sua turma tem média de proficiência “X” (alguns estudantes com proficiência um pouco menor, outros com proficiência um pouco maior), e que com essa proficiência não deve encontrar dificuldade em resolver itens que requeiram essa proficiência “X” ou menos, mas que provavelmente terá maior dificuldade em resolver itens mais complexos, que requeiram proficiência maior do que “X”. Feito esse diagnóstico, o educador pode adotar estratégias pedagógicas, apresentando aos estudantes “desafios crescentes”, de modo a que venham paulatinamente adquirir maior domínio daquele objeto do conhecimento e da habilidade associada, em razão da proficiência crescente que foram desenvolvendo e consolidando. Assim, entende-se que o estudante passa a ter pleno domínio da habilidade quando tem alta probabilidade de resolver significativa maioria das tarefas associadas à respectiva habilidade, nos diferentes níveis de proficiência.

Enfim, a Escala de Proficiência aqui apresentada pode contribuir para que professores possam nortear, balizar e dimensionar a complexidade e aprofundamento com a qual irão abordar os objetos do conhecimento e as estratégias pedagógicas que irão empregar para que os estudantes desenvolvam o pleno domínio das capacidades e habilidades desejadas para cada ano e etapa de escolarização.