SARESP EM REVISTA
Na edição de 2023 do SARESP, a participação dos estudantes da rede estadual na aplicação das provas do 2º e 5º anos EF foi de 89,6% e 93,8%, respectivamente. Esses percentuais de participação dos alunos são superiores aos observados na edição anterior e permitem a obtenção de dados robustos da realidade escolar, trazendo representatividade e maior segurança para o processo, o que é fundamental tanto para a aferição da proficiência da rede escolar como para indicar os fatores que influenciam o desempenho escolar.

A seguir, apresenta-se um histórico da média de proficiência aferida para esses dois anos escolares, nas últimas quatro edições, de 2019 a 2023:



Os resultados desses dois anos avaliados apresentam melhora no período 2021-2023, com destaque para o salto observado no 2º ano que, em um intervalo de 3 edições, avançou quase 15 pontos. Não há como estabelecer comparativo com 2019, pois os resultados desse ano escolar só passaram a ser obtidos, na mesma escala dos demais anos avaliados pelo SARESP, a partir de 2021. Os resultados do 5º ano são mais discretos e, apesar da pequena melhora, ainda são inferiores àqueles obtidos em 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19.

Além da medida de proficiência obtida, os resultados permitem atrelar o desempenho dos estudantes na prova aos níveis de proficiência da escala SARESP. Os gráficos apresentados na sequência mostram os resultados obtidos na série histórica das provas dos anos iniciais do Ensino Fundamental.



Os resultados do 2º ano EF evidenciam um achatamento no quantitativo de alunos com proficiência nos níveis mais baixos, especialmente no Abaixo do Básico, que ficou abaixo de 10% nesta última edição. Com isso, os alunos passaram a apresentar proficiência associada aos níveis Adequado e, principalmente, Avançado. De acordo com os dados da última edição, 1 em cada 2 alunos dessa turma apresenta proficiência classificada como Avançado, ou seja, é capaz de resolver tarefas complexas para a fase escolar, pois demonstra ter conhecimentos e domínio dos conteúdos, das competências e das habilidades acima do requerido para o ano escolar em que se encontra.



Para o 5º ano EF, a dinâmica é similar ao que foi observado no 2º ano EF, porém com resultados mais modestos. No comparativo 2021-2023, observa-se ligeira redução no percentual de alunos com proficiência no nível Abaixo do Básico e um pequeno aumento no nível Adequado. Entretanto, no comparativo com 2019, nota-se que ainda há um importante caminho a ser percorrido novamente, em especial no que se refere ao quantitativo de alunos no nível Abaixo do Básico, pois esses estudantes demonstram domínio insuficiente dos conteúdos, das competências e das habilidades desejáveis para o ano escolar em que se encontram. Tendo em vista o fechamento de ciclo e as mudanças decorrentes do ingresso para o 6º ano, esses alunos precisam ser assistidos de perto, a partir de um intenso processo de retomada e recuperação.

Cada edição do SARESP é organizada a partir de um conjunto de 56 itens (questões) para o 2º ano EF e de 104 itens para o 5º ano EF. A partir desse montante são elaborados diferentes cadernos de provas, que são distribuídos entre os alunos de uma escola. Parte desse montante é composta por itens de edições anteriores para garantir a comparabilidade dos resultados. Contudo, há também a proposição de tarefas inéditas, visando ampliar o leque de informações sobre os conhecimentos escolares que os estudantes se mostraram capazes de mobilizar para resolver situações-problema, apresentadas por meio de itens de prova. Essa capacidade de mobilizar conhecimento para resolver problemas é o que se entende por proficiência, havendo casos mais simples de serem resolvidos assim como outros mais complexos. A partir da organização desses problemas, baseado no grau de complexidade, é criada a chamada escala de proficiência. Nesse sentido, a edição de 2023 contribuiu com a inclusão de novos descritores na escala de proficiência, apresentados a seguir.



Clique nos níveis de proficiência para ver a descrição das novas tarefas inseridas na escala de proficiência, obtidas no SARESP 2023 e o percentual de alunos que respondeu corretamente cada uma dessas tarefas.

2º ano EF

Abaixo do Básico Básico Adequado Avançado

5º ano EF

Abaixo do Básico Básico Adequado Avançado





De modo simplificado, pode-se dizer que, quanto maior a proficiência média de uma turma em relação à posição do item na escala, maior é a probabilidade de a tarefa ser respondida corretamente. Lembrando que a proficiência média da turma decorre dos desempenhos dos alunos dessa turma na prova e que esses desempenhos são díspares, pois refletem os estágios desiguais da aprendizagem da turma, já que uns dominam mais algumas habilidades do que outros. Por isso, é importante ter ciência de que a proficiência média de uma turma ser igual a 220, por exemplo, não permite dizer que todos os alunos daquela turma têm proficiência 220.

Assim sendo, para essa turma é esperado que os alunos tenham maiores chances de acertar itens como aqueles descritos nos pontos 150, 175 e 200. Em contrapartida, para os itens descritos em pontos mais altos da escala, a chance de acerto existe, porém é reduzida, de modo que se espera que uma parcela pequena desses alunos seja capaz de acertar uma tarefa que está ancorada nos pontos 300 ou superior. Para saber o percentual de alunos capaz de lidar com essas tarefas ancoradas nos pontos mais altos da escala, é preciso analisar o boletim de sua escola e ver o contingente de estudantes que estão distribuídos nos níveis mais altos da escala.

Uma estratégia que o professorado pode adotar é encontrar na Escala de Proficiência descritores relacionados às tarefas e habilidades. Com isso, é possível construir situações-problema com diferentes níveis de complexidade, iniciando das menos complexas, situações-problema mais simples associadas à mesma habilidade e objeto do conhecimento, e que podem ser resolvidas ainda que os estudantes tenham uma proficiência menor, ou seja, itens posicionados em pontos anteriores da Escala.

Nesse sentido, é de grande importância que os professores e gestores se valham de consultas à Descrição da Escala de Proficiência, que contém não apenas os itens âncoras aplicados no SARESP 2023, mas também a descrição de todos os outros itens aplicados em edições anteriores. Ela apresenta a posição do item na Escala, ou seja, a proficiência requerida dos estudantes dos respectivos anos/série para que o respectivo item seja respondido com alta probabilidade de acerto.


Para saber mais sobre a escala de proficiência, encontrar sugestões de como utilizá-la e os descritores obtidos ao longo das edições do SARESP, clique aqui.

Na sequência, os dados estatísticos que indicam como a prova aplicada se apresentou em relação ao índice de dificuldade dos itens e seu índice de discriminação.

Dificuldade X Discriminação dos itens da prova do 2º ano EF

DIFICULDADE

Indica o percentual de alunos que respondeu corretamente o item. Quanto maior esse índice, mais fácil foi a tarefa proposta para ele resolver. Esse índice é dividido em 5 categorias:

Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%

Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%

Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%

Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%

Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%

DISCRIMINAÇÃO

Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.










Podemos notar que a prova do 2º ano EF não apresentou itens com índices ruins de discriminação, uma vez que as colunas em tons alaranjados estão zeradas. Também podemos notar o baixo número de itens difíceis na prova, no caso, apenas 2 itens. Com isso, a prova acabou sendo composta quase que inteiramente por itens medianos ou fáceis, o que sugere que há condições de aumentar a complexidade da prova em edições futuras.


Dificuldade X Discriminação dos itens da prova do 5º ano EF

DIFICULDADE

Indica o percentual de alunos que respondeu corretamente o item. Quanto maior esse índice, mais fácil foi a tarefa proposta para ele resolver. Esse índice é dividido em 5 categorias:

Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%

Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%

Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%

Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%

Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%

DISCRIMINAÇÃO

Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.


No caso do 5º ano EF, a prova praticamente não apresentou questões com índices ruins de discriminação, uma vez que há apenas um item difícil, que apresentou baixa discriminação, destacado pelas colunas em tons alaranjados. Esse comportamento de itens com baixa discriminação indica, no caso de itens difíceis, que não somente o desempenho do público em geral na questão foi ruim, mas os alunos de melhor desempenho geral no teste, ou seja, aqueles que acertaram maior número de questões também tiveram desempenho tímido na questão, muito próximo de todo o público avaliado.

Além disso, apenas 11 das 104 questões da prova foram consideradas difíceis, mostrando que ela foi percebida com grau de dificuldade mediano para fácil, o que sugere que há condições de aumentar a complexidade da prova em edições futuras. De todo modo, vale destacar que cerca de 80% da prova foi composta por itens com excelente índice de discriminação.

Por fim, serão apresentados exemplos de itens de múltipla escolha presentes nas provas dos Anos Iniciais de Língua Portuguesa do SARESP 2023. O objetivo é trazer para os docentes uma breve análise dos acertos e erros observados, além de destacar a importância das alternativas elaboradas para identificar possíveis equívocos comuns nas situações propostas.

Traçou-se um paralelo entre os itens do 2º ano e 5º ano, pois é esperado que as habilidades se consolidem e sejam ampliadas ao longo da escolaridade do aluno. É importante destacar que os alunos do 5º ano, devido à pandemia de Covid-19, realizaram o 2º e o 3º anos de forma não presencial, assim como os alunos do 2º ano tiveram tal prejuízo durante a Educação Infantil.

Mais do que simplesmente identificar erros e acertos, é essencial compreendê-los e considerá-los como parte do processo de aprendizagem. Compreender as dificuldades apresentadas pelos alunos pode auxiliar em alguma medida o professor a nortear o seu planejamento. Portanto, é crucial que esses itens sejam analisados juntamente com as considerações sobre a escala de proficiência e a discussão dos resultados de Língua Portuguesa, sempre tendo como referência os resultados específicos da sua escola, conforme descrito no boletim SARESP.

Os exemplos foram escolhidos de acordo com duas habilidades. Clique naquela em que deseja fazer o download do documento produzido.