SARESP EM REVISTA
v.1, 2017
A média de proficiência em Língua Portuguesa dos alunos do 7º Ano do Ensino Fundamental, aferida na edição 2016 do SARESP foi 222,9, muito próxima da média  registrada na edição 2015 da prova. Situa-se praticamente no limite entre os Níveis Básico e Adequado definidos para Língua Portuguesa no SARESP para o 7º ano do Ensino Fundamental.

A maioria (73,4%) dos alunos desse ano escolar se classifica nos níveis Básico e Adequado e é também observado que o percentual de alunos classificados no Nível Abaixo do Básico não alcança 15% e é praticamente igual ao percentual daqueles que se classificam no Nível Avançado.

Em seguida são apresentados exemplos comentados a fim de ilustrar atividades características que os alunos de cada nível de proficiência são capazes de realizar. Além do enunciado e da solução dos itens, há uma análise gráfica da frequência de escolha de cada alternativa nos três Grupos de Desempenho sendo também fornecida, a Curva Característica do Item que associa a proficiência do respondente e a probabilidade de acertar a questão.



Tema 2 – Reconstrução dos sentidos do texto.

H10 - Selecionar legenda ou título apropriado para um texto escrito ou ilustração.








Comentário

O item avalia se o aluno consegue selecionar a legenda mais apropriada para uma ilustração. Para isso, ele precisa analisar as informações verbais e não verbais que a compõem e estabelecer relações entre elas. Selecionar um título para um texto ou uma legenda para uma ilustração costuma ser uma tarefa complexa, porém, nesse caso, um elemento facilitou a escolha: a legenda é o próprio slogan que aparece na ilustração.

O índice médio de acerto (77,8%) aponta que, em geral, os alunos conseguem realizar tarefas com essa habilidade. Entre os alunos dos Grupos 2 e 3, o índice de acerto foi alto (79,8% e 86,9%, respectivamente). No entanto, entre os alunos do Grupo 1, embora a maior parte (61,2%) tenha escolhido o gabarito (alternativa C) como resposta, mais de um terço escolheu outras alternativas que não o gabarito (38,8%). Dentre os distratores, a alternativa A (Adote um cão e um gato. Sua família vai adorar!) foi a mais assinalada pelos Grupos 1, 2 e 3 (20,1%, 11,9% e 7%, respectivamente). Provavelmente esses estudantes foram atraídos por ela porque a ilustração apresenta, além de uma grande família, os dois animais: um cão e um gato. Embora menos assinalados, os distratores B  e D também têm relação com a ilustração e, por esse motivo, atraíram alguns estudantes: as pessoas da família parecem mesmo estar usando luvas (B) e estar sorrindo e pousando para uma foto (D).


Tema 3 – Reconstrução da contextualidade.

H13
- Estabelecer relações de causa/consequência entre informações explícitas distribuídas ao longo de um texto.









Comentário
O item avalia se o aluno consegue estabelecer relações de causa/consequência entre informações explícitas distribuídas ao longo de um texto informativo. De fácil compreensão, o texto apresenta informações sobre a criação da Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro (Bibvirt). Como essas informações estão distribuídas ao longo da produção escrita, o estudante precisa entender o significado de cada parte e estabelecer entre essas partes uma relação de causa e consequência, isto é, uma relação entre elementos textuais em que um é resultado do outro.

Os índices médios de acerto indicam que a maioria dos estudantes conseguiu estabelecer relações de causa/consequência entre as informações (74,8%). Eles entenderam que a Bibvirt será útil aos estudantes porque facilitará o acesso à informação. O texto começa apresentando a importância das bibliotecas físicas para estudantes que precisam fazer algum tipo de pesquisa e, em seguida, chama a atenção para o fato de que nem sempre é fácil encontrá-las e, finalmente, apresenta a Bibvirt como ferramenta que facilita o acesso à informação. Os distratores C e D foram os menos assinalados provavelmente porque apresentam informações que podem ser facilmente descartados após a leitura do texto: não há qualquer menção no texto à comunicação entre professores e alunos (C); não há indícios de diminuição do acesso à informação por causa da Bibvirt (D). Já o distrator B, o mais escolhido por estudantes dos três grupos específicos, é também o mais plausível, uma vez que para muitos alunos a utilização da biblioteca virtual pode também representar uma iniciação no uso do computador. Todavia, embora plausível, essa alternativa não estabelece uma relação de causa/consequência entre as informações textuais.





Tema 6 – Compreensão de textos literários.

H35 - Organizar os episódios principais de uma narrativa literária em sequência lógica.








Comentário

O item avalia se o aluno consegue organizar os episódios principais de uma narrativa literária em sequência lógica. Para isso, ele precisa, primeiramente, inferir as relações lógicas existentes entre eles para assegurar a continuidade e a compreensão textual e, em seguida, organizá-los coerentemente. É essa relação que se estabelece entre as partes do texto que garante sua unidade de sentido, ela diz respeito ao compromisso das partes na formação de um todo textual.

A média geral de acertos mostra que 62,5% dos alunos escolheram como resposta a alternativa correta C, indicando que de maneira geral os alunos tiveram êxito em ordenar e interligar as ideias de maneira lógica. Observando os percentuais específicos de cada grupo, é possível verificar que apenas no Grupo 3 o percentual de acerto foi elevado: 85%. Nos Grupos 1 e 2, os percentuais foram bem menores: 29,8% e 58,3%, respectivamente. Isso significa que, no Grupo 1, 70,2% dos alunos escolheram um dos distratores, e, no Grupo 2, 41,7%. Portanto, uma parcela relevante de respondentes nos dois grupos não conseguiu organizar em sequência lógica os episódios da narrativa. Aqueles que assinalaram a alternativa correta compreenderam que o parágrafo 3, ao introduzir Paulo, descrevendo-o como mentiroso, iniciava o texto. Esse parágrafo termina narrando a chegada de Paulo em casa. Em seguida, já em casa, a mãe coloca-o de castigo (parágrafo 1). E, como o castigo imposto pela mãe não surte o efeito desejado, o menino volta a mentir. É preciso ressaltar que esse parágrafo em que a mãe leva Paulo ao médico termina com os dois-pontos que são utilizados para introduzir o discurso direto (parágrafo 4). Por fim, nesse discurso direto, o médico afirma que não há nada a se fazer e que o menino é um caso de poesia (parágrafo 2).


Tema 6 – Compreensão de textos literários.


H40 -  
Inferir o efeito de humor ou ironia produzido em um texto literário pelo uso intencional de palavras ou expressões.







Comentário

O item avalia se o aluno consegue inferir o efeito humorístico produzido em um texto literário pelo uso intencional de palavras e expressões. A questão apresenta a ele um texto curto composto integralmente por um diálogo entre um santo e um ser celestial que parece assessorá-lo. Nesse diálogo, do céu o santo olha para baixo (para a terra) e vê em uma sala grande “mocinhas” que mexem a boca em um movimento interpretado por ele como a ação de rezar. No entanto, respeitosamente, seu “assessor” o contraria afirmando que as “mocinhas” na verdade estão mastigando chiclete.

Os índices gerais de acerto indicam que a maioria dos alunos tem dificuldades quando se depara com esse tipo de tarefa: em média, o gabarito A foi assinalado por pouco mais de um terço dos estudantes (34,2%). Considerando o desempenho dos três grupos específicos de respondentes, chama a atenção o fato de que, no Grupo 1, menos de 1/5 (19,4%) tenha optado pelo gabarito; no Grupo 2, menos de 1/3 (28,7%); e, no Grupo 3, menos da metade (49,8%). Quanto à distribuição de respostas nos grupos específicos de respondentes, não há um distrator que tenha atraído mais alunos dos três grupos. O distrator C, por exemplo, foi o mais escolhido pelos Grupos 1 e 3 (“de as mocinhas mascarem chiclete”), porém o mais escolhido pelo Grupo 2 foi o D (“do aborrecimento do santo com a atitude das mocinhas”). No Grupo 1, o percentual de alunos que escolheu o distrator C (39,5%) é mais que o dobro do que optou pelo gabarito A (19,4%). E, mesmo entre os estudantes do grupo de melhor desempenho na prova, um percentual significativo optou por esse distrator (23,6%). O fato em si de as mocinhas estarem mastigando chiclete não pode ser considerado engraçado, sendo assim, possivelmente os estudantes não compreenderam o que fora solicitado ou fizeram uma inferência equivocada: inferiram que as mocinhas, em vez de mascar chiclete, deveriam estar rezando naquele lugar e momento e, por isso, acharam engraçada sua atitude. Escolhido por uma média de 24,9% dos estudantes, que optaram pelo distrator D concluíram que a atitude de mastigar chiclete em vez de rezar tenha parecido desrespeito ao santo, irritando-o.