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A edição de 2022 do SARESP contou com a participação de 295 339 estudantes da rede estadual na aplicação das provas da 3ª série EM, o que corresponde a 79,4% do previsto. Esse percentual de participação dos alunos é superior ao observado na edição anterior, ficando próximo ao que costumava ser observado antes da pandemia. Esse contingente permite a obtenção de dados mais próximos da realidade escolar, trazendo representatividade e maior segurança para o processo, o que é fundamental tanto para a aferição da proficiência da rede escolar como para indicar os fatores que influenciam no desempenho escolar.
Segundo dados obtidos a partir das respostas apresentadas nos questionários propostos aos estudantes que participaram da prova e seus responsáveis, os principais fatores que impactaram positivamente (verde) ou negativamente (vermelho) no desempenho dos estudantes na prova de Língua Portuguesa do Ensino Médio foram:

A seguir, tem-se um histórico da média de proficiência aferida para essa turma, ao longo das edições do SARESP, de 2010 a 2022, além da distribuição dos alunos da rede estadual nos níveis de proficiência, considerando o resultado da edição 2022.

- Observa-se que houve uma ligeira queda na média de proficiência entre os estudantes da 3ª série de 2021 para 2022. Mesmo com os resultados atuais tendo ficado bem próximos dos obtidos em 2021, ainda continuam bastante inferiores aos melhores índices alcançados nas séries históricas anteriores à pandemia.
- Os estudantes com desempenho abaixo do básico são quase o dobro daqueles que apresentaram proficiência superior ao nível Básico.
- De toda forma, cabe ressaltar que, ao final da 3ª série EM, expressivos dois quintos do total dos alunos terminaram esse ciclo escolar sem dominar minimamente as habilidades previstas para serem desenvolvidas durante ele.
Cada edição da prova SARESP é montada com provas contendo 104 itens (questões). Parte da prova é composta por itens de edições anteriores para garantir a comparabilidade dos resultados de diferentes edições. Contudo, há também a proposição de tarefas inéditas, visando ampliar o leque de informações sobre os conhecimentos escolares que os estudantes se mostraram capazes de mobilizar para resolver situações-problema, apresentadas por meio de itens (questões) de prova. Essa capacidade de mobilizar conhecimento para resolver problemas é o que se entende por proficiência, sendo que há casos mais simples de serem resolvidos assim como há casos mais complexos. A partir da organização desses problemas, com base no grau de complexidade, é criada a chamada escala de proficiência. Nesse sentido, a edição de 2022 contribuiu com a inclusão de novos descritores na escala de proficiência, apresentados a seguir.
Clique nos níveis de proficiência para ver a descrição das novas tarefas inseridas na escala de proficiência, obtidas no SARESP 2022 e o percentual de alunos que respondeu corretamente cada uma dessas tarefas.
Abaixo do Básico
Básico
Adequado
Avançado
Abaixo do Básico
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• Reconhecem a exploração da polissemia de uma palavra como sendo responsável pelo desencadeamento do efeito de humor em uma tirinha.
Básico
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• Identificam a conjunção que pode substituir outra menos usual, sem prejuízo de sentido ao texto, em um texto técnico da área jurídica.
Identificam a conjunção subordinada concessiva que pode substituir a locução “mesmo que”, conservando a relação de sentido do texto, em uma propaganda institucional.
• Identificam o contra-argumento empregado por um entrevistado para refutar o ponto de vista de seu entrevistador, favorável ao consumo de carne.
• Identificam o encadeamento lógico que se estabelece ao longo de um texto informativo, em que os eventos decorrem em função de fatos anteriores.
• Identificam os referentes para duas formas pronominais distintas, em um texto argumentativo em que o autor discute as dietas restritivas.
• Identificam o sentido de inclusão expresso pelo advérbio “até”, no contexto de uma narrativa curta.
• Reconhecem relação de causa e consequência marcada por conjunção subordinativa no contexto de leitura de um texto informativo.
• Reconhecem, a partir da leitura da introdução de uma obra, a percepção que a autora, primeira mulher negra a publicar um livro no Brasil, tem da recepção que será dada a seu livro.
Adequado
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• Identificam, em uma narrativa, as razões de que se valiam as sociedades europeias para justificar a colonização de terras e escravização de povos africanos.
• Reconhecem a posição assumida por uma pesquisadora, no contexto de um texto dissertativo, como parte da argumentação apresentada para a construção da tese defendida pelo autor.
• Reconhecem características da estética naturalista em um trecho da obra “O cortiço”, representativa dessa estética literária.
• Reconhecem como uma personagem é caracterizada em uma narrativa literária, a partir da análise da descrição da impressão que ela causa no protagonista.
• Reconhecem o diálogo que uma charge publicada em um jornal de grande circulação estabelece com a ideia de “Trair e coçar é só começar”, título de uma peça teatral aclamada no Brasil.
• Reconhecem o ponto de vista defendido pelo autor, em um texto argumentativo, sobre a qualidade dom livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, com base na argumentação apresentada.
• Reconhecem o sentido de alternância e de adição estabelecido por conjunções coordenativas, no contexto de leitura de uma tirinha.
• Reconhecem que tanto uma opinião de um especialista citado quanto a do autor do texto expressam o mesmo ponto de vista em um artigo de opinião sobre o tema da busca pelo perfeccionismo.
Avançado
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• Identificam a função sintática de uma oração introduzida pela conjunção “que”, em um texto informativo.
• Identificam o sujeito paciente em uma construção na voz passiva, no com texto de leitura de uma tirinha.
De modo simplificado, pode-se dizer que quanto maior a proficiência média de uma turma em relação à posição do item na escala, maior é a probabilidade de a tarefa ser respondida corretamente. Lembrando que a proficiência média da turma decorre dos desempenhos dos alunos dessa turma na prova e que esses desempenhos são díspares, pois refletem os estágios desiguais da aprendizagem da turma, já que uns dominam mais algumas habilidades do que outros. Por isso, é importante ter clareza de que a proficiência média de uma turma ser igual a 220, por exemplo, não permite dizer que todos os alunos daquela turma têm proficiência 220.
Assim sendo, para essa turma, é esperado que esses alunos tenham maiores chances de acertar itens como aqueles descritos nos pontos 150, 175 e 200. Em contrapartida, para os itens descritos em pontos mais altos da escala, a chance de acerto existe, porém é reduzida, de modo que é esperado que uma parcela pequena desses alunos seja capaz de acertar uma tarefa que está ancorada nos pontos 300 ou superior. Para saber o percentual de alunos capaz de lidar com essas tarefas ancoradas nos pontos mais altos da escala, é preciso analisar o boletim de sua escola e ver o contingente de estudantes que estão distribuídos nos níveis mais altos da escala.
Para atender ao objetivo de se contemplarem os distintos níveis de proficiência, ou seja, estágios mais discretos ou mais avançados de desenvolvimento das competências e habilidades esperadas para cada etapa de ensino, em uma avaliação em larga escala, os cadernos de provas trazem questões construídas com graus de complexidade, ou seja, são propostas aos alunos tarefas que vão das mais fáceis às mais desafiadoras.
Essa distribuição quanto ao grau de complexidade das atividades de leitura ou de análise linguística, no caso de língua portuguesa, tem por objetivo que a prova possa alcançar todos os participantes, por meio de tarefas que possam ser realizadas, numa ponta, por aqueles alunos que tendem a apresentar um desempenho mais tímido e, na outra, pelo grupo com desempenho mais avançado, em busca de atividades mais desafiadoras. Essa abrangência permite a construção de um quadro o mais preciso possível daquilo que as turmas em diferentes níveis de proficiência conseguem realizar. É o resultado dessa aferição quanto ao que as turmas classificadas nos níveis de proficiência que vão do abaixo do básico (que demonstram ainda não terem se apropriado do mínimo esperado para a etapa escolar que estão cursando) ao avançado (capazes de realizar tarefas que extrapolam os limites do previsto para o ano escolar que estão cursando) que se encontra detalhado na “Escala proficiência”.
Precisamente quanto à referida variação do grau de complexidade dos itens, o que a possibilita é, primeiramente, o conjunto de habilidades distintas em relação às quais os alunos são avaliados na prova. Evidentemente, no caso da 3ª série EM, quando se pensa em tarefas que tenham como escopo a aferição do desempenho dos estudantes frente aos textos argumentativos, tarefas envolvendo a habilidade para reconhecer o sentido das relações lógico-discursivas (marcadas por advérbios ou conjunções, por exemplo), por sua natureza, tendem a ser menos complexas que uma atividade que exige do aluno a capacidade de estabelecer relação entre a tese e os argumentos apresentados no texto para defendê-la, ou refutá-la, se for o caso.
Além dessa primeira estratégia, a gradação pode ser obtida também com itens voltados para avaliar o desempenho dos alunos em relação a uma mesma habilidade. Entre as maneiras para a apresentação ao aluno de tarefas em que haja variação quanto ao grau de dificuldade, apesar de voltadas para a avaliação do nível de desempenho de uma mesma habilidade, pode-se obter tal efeito por meio da seleção dos elementos linguísticos objeto de avaliação bem como por meio da seleção do texto que servirá de base para a criação da tarefa – esta última a mais produtiva para se atingir essa finalidade. De maneira bastante objetiva, basta considerar que, em casos de tarefas que envolvem o reconhecimento do valor argumentativo das relações estabelecidas por conectivos, evidentemente o reconhecimento da expressividade de tais relações seria mais facilmente perceptível quando estabelecidas por conectivos da classe dos advérbios, enquanto os casos em que a análise recai sobre elementos linguísticos como conjunções comumente exigem maior esforço do aluno para o reconhecimento de tal valor argumentativo. Ainda no contexto desse tipo de tarefa, já que a análise de textos argumentativos constitui um dos focos do ensino médio, é mais fácil para o aluno compreender o valor expressivo dessas relações tendo como fundo a leitura de textos curtos como “carta do leitor” do que em textos mais refinados como editoriais de jornais de grande circulação.
Por fim, outro fator que contribui para a diferença de complexidade entre essas tarefas é o tipo de informação, a forma como os elementos textuais são apresentados aos alunos nas alternativas de resposta. Em uma questão que tem como objetivo avaliar se o aluno reconhece a relação de sentido estabelecida por conjunções, se as alternativas de resposta trouxerem os possíveis sentidos (de causa, de finalidade, de concessão, de condição etc.), para que o aluno os analise e identifique qual é expresso pela conjunção sob avaliação, essa tarefa certamente se mostrará muito mais complexa do que outra em que o aluno precise identificar nas alternativas de resposta uma conjunção que tenha sentido compatível, que possa substituir outra empregada em um texto.
Na avaliação de 2022, tal variação do grau de complexidade de tarefas relacionadas a uma mesma habilidade pode ser observada por meio dos itens que avaliam a capacidade dos alunos para relacionar a tese aos argumentos empregados para defendê-la.
A habilidade para relacionar argumentos ao ponto de vista defendido ou refutado no texto apresentou, na edição 2022 do SARESP, um número bastante satisfatório de itens na composição da prova. Destinados à aferição do desempenho dos alunos em relação à mesma habilidade, graças a tal volume, esses itens apresentam diferentes graus de complexidade, conforme se verifica por meio das posições distintas que cada um deles ocupa na escala de proficiência, o que favorece a análise comparativa dos aspectos responsáveis por essa variação.
Assim sendo, pode-se observar, por exemplo, um dos itens que explora essa habilidade ancorado no ponto 275 da escala de proficiência, posição em que estão descritas as tarefas realizadas pelas turmas com proficiência básica. Nesse caso, parece ter contribuído decisivamente para a percepção dos alunos de que a tarefa apresenta baixo grau de complexidade o fato de a autora, com base nos argumentos apresentados, expressar claramente a opinião de que havia razões para crer que o livro por ela escrito muito provavelmente não contaria com uma recepção positiva do público leitor.
Diferentemente desse primeiro caso – em que a opinião da autora, fundamentada em argumentos bastante consistentes, é claramente manifesta no contexto de leitura – outra questão, localizada no ponto 325 da escala de proficiência, mostra-se mais complexa que a primeira porque, nesse caso, embora também se objetive que o aluno estabeleça a relação entre os argumentos apresentados e o ponto de vista defendido no texto, esse ponto de vista não aparece explicitamente no texto, mas é apenas sugerido. Com efeito, na reportagem apresentada aos leitores, o autor apenas sugere, por meio dos argumentos apresentados, que a grandeza da obra “Quarto do despejo: diário de uma favelada”, de Maria Carolina de Jesus, se deve, em grande medida, às condições adversas que sua autora precisou enfrentar para que o livro se tornasse possível.
Como se observa, as estratégias aqui mencionadas em geral atendem ao propósito de se obter boa variabilidade quanto ao grau de complexidade das tarefas apresentadas na prova, variação essa fundamental para o mapeamento daquilo que os alunos que apresentam diferentes níveis de proficiência são capazes de realizar.
Mesmo se tratando de uma habilidade de leitura que exige dos alunos boa capacidade de relacionar informações textuais para que seja possível identificar a opinião do autor, chama atenção o fato de o percentual de acerto dos alunos ter sido de apenas 43% no caso do item mais complexo.De todo modo, esse aproveitamento reflete bem os resultados do SARESP 2022, em que menos de um quarto dos alunos da 3ª série do EM apresentaram proficiência adequada ou avançada em língua portuguesa.
Assim sendo, esse diagnóstico constitui um importante ponto de partida para o planejamento das atividades de ensino em sala de aula pelos professores. Tomando por base os descritores relativos a essa habilidade localizados nos diferentes pontos da escala de proficiência, o professor poderá planejar atividades de reforço visando aos alunos que ainda apresentam proficiência abaixo do básico, assim como poderá começar a planejar atividades mais desafiadoras para os membros da turma que tendem a apresentar proficiência básica ou adequada para a resolução das tarefas escolares.
Nesse sentido, é de grande importância que os professores e gestores se valham de consultas à Descrição da Escala de Proficiência, que contém não apenas a descrição dos itens âncoras aplicados no SARESP 2022, mas também a descrição de todos os outros itens com essa classificação aplicados em edições anteriores. Ela apresenta a posição do item na Escala, ou seja, a proficiência requerida dos estudantes dos respectivos anos/série para que o respectivo item seja respondido com alta probabilidade de acerto.
Os itens aqui citados são apenas exemplos, dentre os inúmeros que os professores poderão consultar a partir do quadro da Escala de Proficiência, ampliando as possibilidades de se ter melhor dimensão da aprendizagem dos estudantes nos diferentes componentes curriculares dessa etapa da escolarização.
Para saber mais sobre a escala de proficiência, encontrar sugestões de como utilizá-la e os descritores obtidos ao longo das edições do SARESP, clique aqui.
Por fim, os dados estatísticos que indicam como a prova aplicada se apresentou em relação ao índice de dificuldade dos itens e seu índice de discriminação.
DIFICULDADE
Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%
Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%
Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%
Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%
Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%
DISCRIMINAÇÃO
Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.
Nesse quadro, é possível observar que apenas três entre os itens que compuseram a prova apresentaram baixo índice de discriminação, conforme identificado nas colunas em tons alaranjados. Mas nota-se também uma quantidade de itens que foram considerados difíceis acima da média apresentada nas outras provas de língua portuguesa, apesar da maior concentração de itens da prova apresentando dificuldade mediana.
Para ter acesso a alguns itens comentados da prova, clique aqui.
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