SARESP EM REVISTA
A edição de 2022 do SARESP contou com a participação de 119 773 estudantes da rede estadual na aplicação das provas do 5º ano EF, o que corresponde a 91,8% do que foi previsto. Esse percentual de participação dos alunos é superior ao observado na edição 2021, ficando próximo ao que costumava ser observado nas aplicações do SARESP, anteriores à pandemia. Esse contingente permite a obtenção de dados mais próximos da realidade escolar, trazendo representatividade e maior segurança para o processo, o que é fundamental tanto para a aferição da proficiência da rede escolar como para indicar os fatores que influenciam no desempenho escolar.

Segundo dados obtidos a partir das respostas apresentadas nos questionários propostos aos estudantes que participaram da prova e seus responsáveis, os principais fatores que impactaram positivamente (verde) ou negativamente (vermelho) o desempenho dos estudantes na prova de Ciências do Ensino Fundamental foram:



Para saber mais sobre os fatores associados que impactam no desempenho dos estudantes, clique aqui.

A seguir, são apresentadas as médias de proficiência aferidas para as edições 2021 e 2022 do SARESP (gráfico de linha), além da distribuição dos alunos da rede estadual nos níveis de proficiência para cada um desses anos (gráfico de colunas).



  • Observa-se aumento na média de proficiência entre os estudantes do 5º ano de 2021 para 2022.
  • Esse aumento, ainda que discreto, aproxima ainda mais os estudantes do 5º ano do nível Adequado de proficiência.
  • Vale lembrar que, na perspectiva histórica, que o 5º ano do ensino fundamental passou a responder itens de Ciências somente a partir de 2021 e, por isso, as conclusões são mais pontuais.
Cada edição da prova SARESP é montada com provas contendo 104 itens (questões). Parte da prova é composta por itens de edições anteriores para garantir a comparabilidade dos resultados de diferentes edições. Contudo, há também a proposição de tarefas inéditas, visando ampliar o leque de informações sobre os conhecimentos escolares que os estudantes se mostraram capazes de mobilizar para resolver situações-problema, apresentadas por meio de itens (questões) de prova. Essa capacidade de mobilizar conhecimento para resolver problemas é o que se entende por proficiência, sendo que há casos mais simples de serem resolvidos assim como há casos mais complexos. A partir da organização desses problemas, baseado no grau de complexidade, é criada a chamada escala de proficiência. Nesse sentido, a edição de 2022 contribuiu com a inclusão de novos descritores na escala de proficiência, apresentados a seguir.



Clique nos níveis de proficiência para ver a descrição das novas tarefas inseridas na escala de proficiência, obtidas no SARESP 2022 e o percentual de alunos que respondeu corretamente cada uma dessas tarefas.

Abaixo do Básico Básico Adequado Avançado

De modo simplificado, pode-se dizer que quanto maior a proficiência média de uma turma em relação à posição do item na escala, maior é a probabilidade de a tarefa ser respondida corretamente. Lembrando que a proficiência média da turma decorre dos desempenhos dos alunos dessa turma na prova e que esses desempenhos são díspares, pois refletem os estágios desiguais da aprendizagem da turma, já que uns dominam mais algumas habilidades do que outros. Por isso, é importante ter clareza de que a proficiência média de uma turma ser igual a 220, por exemplo, não permite dizer que todos os alunos daquela turma têm proficiência 220.

Assim sendo, para essa turma é esperado que esses alunos tenham maiores chances de acertar itens como aqueles descritos nos pontos 150, 175 e 200. Em contrapartida, para os itens descritos em pontos mais altos da escala, a chance de acerto existe, porém é reduzida, de modo que é esperado que uma parcela pequena desses alunos seja capaz de acertar uma tarefa que está ancorada no ponto 300 ou superior. Para saber o percentual de alunos capaz de lidar com essas tarefas ancoradas nos pontos mais altos da escala, é preciso analisar o boletim de sua escola e ver o contingente de estudantes que estão distribuídos nos níveis mais altos da escala.

No 5º ano, havia um item que propunha aos estudantes analisar um pequeno texto no qual há a frase 'Quando esfria nas nuvens, chove pedra de gelo', e a partir da análise deveriam reconhecer a alternativa correta que afirmava que “para que ocorra 'chuva de pedra' a água das nuvens, ao cair, se solidifica”. Apenas cerca de 35% dos estudantes indicaram a resposta correta para esse item, que está no ponto 275 da Escala de Proficiência. Ou seja, estudantes com proficiência 275, ou maior, têm maior chance de responder corretamente esse item. Não que estudantes com proficiência menor não possam acertar a resposta do item, mas, quanto menor a proficiência do estudante em relação àquela da posição do item, menor a chance de que o acerto tenha sido devido ao domínio que o estudante tem sobre o objeto do conhecimento e a habilidade associados ao item, no caso habilidade EF05CI02- Reconhecer as mudanças de estado físico da água estabelecendo relação com o ciclo hidrológico e suas implicações na agricultura, no clima, na geração de energia elétrica, na produção tecnológica, no provimento de água potável e no equilíbrio dos ecossistemas em diferentes escalas: local, regional e nacional, na Unidade Temática Matéria e Energia, como indicado no quadro.

Os resultados do SARESP mostram que, em 2022, apenas 13% dos estudantes têm proficiência igual ou maior que 275, razão do baixo percentual de acerto no item aqui comentado. A partir desse diagnóstico, os professores podem discutir estratégias de ensino que possam, paulatinamente, resultar em apropriação crescente do conhecimento e da habilidade associados ao Ciclo hidrológico e Consumo consciente, objeto do conhecimento definido pelo Currículo Paulista para ser trabalhado nesta etapa da escolarização; uma dessas estratégias, por exemplo, apresentar aos alunos tarefas menos complexas, situações-problema mais simples, associadas à mesma habilidade e objeto do conhecimento, e que podem ser resolvidas ainda que os estudantes tenham uma proficiência menor, ou seja, itens posicionados em pontos anteriores da Escala.  Mas, quais seriam esses itens que requerem menor proficiência dos estudantes? Onde estão descritos?

Nesse sentido, é de grande importância que os professores e gestores se valham de consultas à Descrição da Escala de Proficiência, que contém, não apenas dos itens âncoras aplicados no SARESP 2022, mas também a descrição de todos os outros itens aplicados em edições anteriores. Ela apresenta a posição do item na Escala, ou seja, a proficiência requerida dos estudantes dos respectivos anos/série para que o respectivo item seja respondido com alta probabilidade de acerto.



Nessa linha, e ainda tendo a habilidade EF05CI02, associada ao objeto de conhecimento Ciclo Hidrológico, no 5º ano, os professores poderão verificar pela Descrição da Escala na posição 250, portanto requerendo uma proficiência um pouco menor que a do item comentado anteriormente, há a descrição de outro item que propõe aos estudantes Reconhecer em figura que representa o ciclo da água na natureza que, em uma das etapas desse ciclo, a água passa do estado líquido para o gasoso, no caso a formação de nuvens a partir das águas do rio representado na figura”. Ou seja, trata-se de um item um pouco menos complexo que o anterior, sobre chuva de pedra. Neste segundo item aqui citado, foi apresentada aos estudantes uma figura que auxilia na compreensão da situação-problema apresentada (reconhecer, em figura, as etapas do ciclo da água na natureza), e cuja pergunta que faz aos estudantes recai sobre um aspecto do componente curricular talvez mais facilmente compreensível (água do rio evapora e forma nuvens - Evaporação). No item anterior, de maior complexidade, os estudantes precisavam interpretar um texto, não havia figura que lhes auxiliasse, e a partir da interpretação do texto deveriam reconhecer a explicação sobre o que acontece com a água da chuva para que se transforme em gelo, sendo este talvez um aspecto do componente curricular (solidificação no ciclo hidrológico) de mais difícil compreensão. Desse modo, o item menos complexo, descrito na escala, é respondido corretamente também por estudantes com proficiência menor que aquela requerida por esse segundo item, que está no intervalo de proficiência Avançado, enquanto o outro se situa no início do intervalo Adequado. No 5º ano, 35% dos estudantes têm proficiência no nível Adequado, aos quais se somam 13% com proficiência no Avançado. Ou seja, quase 50% dos estudantes têm proficiência para responder itens associados à habilidade EF05CI02, Ciclo Hidrológico, e que apresentam complexidade e requerem nível de conhecimento como aquele  descrito pelo item no ponto 250 da Escala, mas um percentual menor de estudantes têm conhecimento suficiente, e dele sabem fazer uso (domínio da habilidade EF05CI02), de modo a resolverem situações com a complexidade daquela do item descrito no ponto 275 da Escala.

A partir dessa constatação, os professores podem discutir as estratégias para que, no que se refere à habilidade EF05CI02-Ciclo Hidrológico, esses estudantes do 5º ano com proficiência 250 possam adquirir e consolidar conhecimento que lhes permita também compreender e apresentar solução para a situações-problema como a apresentada pelo item da posição 275; assim como como os professores podem discutir as estratégias pedagógicas que façam com que os estudantes nos níveis de proficiência Básico e Abaixo do Básico, que têm proficiência inferior a 250 e, portanto, maiores dificuldades para resolver itens como os aqui exemplificados,  adquiram conhecimento e domínio da habilidade  de modo a poderem compreender e resolver situações como aquela apresentada pelo item da posição 250.  Com isso, ao longo das edições do SARESP, para esta e demais habilidades definidas para o 5º ano, o esperado é o ganho em proficiência e o avançar dos estudantes dos níveis Abaixo do Básico e Básico para os níveis Adequado e Avançado.

Os itens aqui citados são apenas dois exemplos, dentre os inúmeros que os professores poderão consultar a partir do quadro da Escala de Proficiência, ampliando as possibilidades de se ter melhor dimensão da aprendizagem dos estudantes nos diferentes componentes curriculares dessa etapa da escolarização.

Para saber mais sobre a escala de proficiência, encontrar sugestões de como utilizá-la e os descritores obtidos ao longo das edições do SARESP, clique aqui.

Por fim, os dados estatísticos que indicam como a prova aplicada se apresentou em relação ao índice de dificuldade dos itens e seu índice de discriminação.

Dificuldade X Discriminação dos itens da prova

DIFICULDADE

Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%

Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%

Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%

Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%

Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%

DISCRIMINAÇÃO

Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.



A partir dos dados é possível observar que pouco menos de um quinto da prova de Ciências da Natureza apresentou índice de discriminação ruim, região alaranjada do quadro. Nesses casos, o percentual de acerto dos estudantes que tiveram melhor desempenho global na prova foi muito próximo daqueles que tiveram um desempenho global ruim. Também é possível observar uma distribuição próxima do número de itens fáceis, médios e difíceis.