SARESP EM REVISTA
A edição de 2022 do SARESP contou com a participação de 294 451 estudantes da rede estadual na aplicação das provas do 9º ano EF, o que corresponde a 88,4% do que foi previsto. Esse percentual de participação dos alunos é superior ao observado na edição anterior, ficando próximo ao que costumava ser observado antes da pandemia. Esse contingente permite a obtenção de dados mais próximos da realidade escolar, trazendo representatividade e maior segurança para o processo, o que é fundamental tanto para a aferição da proficiência da rede escolar como para indicar os fatores que influenciam no desempenho escolar.

Segundo dados obtidos a partir das respostas apresentadas nos questionários propostos aos estudantes que participaram da prova e seus responsáveis, os principais fatores que impactaram positivamente (verde) ou negativamente (vermelho) o desempenho dos estudantes na prova de Matemática do Ensino Fundamental foram:



Para saber mais sobre os fatores associados que impactam no desempenho dos estudantes, clique aqui.

A seguir, tem-se um histórico da média de proficiência aferida para essa turma, ao longo das edições do SARESP, de 2010 a 2022, além da distribuição dos alunos da rede estadual nos níveis de proficiência, considerando o resultado da edição 2022.



  • Observa-se aumento na média de proficiência entre os estudantes do 9º ano de 2021 para 2022, porém o resultado ainda está aquém do que se tinha antes da pandemia.
  • O maior contingente de estudantes apresenta proficiência característica do nível Básico, porém há um maior percentual de alunos abaixo desse nível do que acima.
  • Ao final do 9º ano EF, cerca de 1 em cada 3 alunos termina esse ciclo escolar sem dominar minimamente as habilidades esperadas, segundo a proposta curricular paulista.
Cada edição da prova SARESP é montada com provas contendo 104 itens (questões). Parte da prova é composta por itens de edições anteriores para garantir a comparabilidade dos resultados de diferentes edições. Contudo, há também a proposição de tarefas inéditas, visando ampliar o leque de informações sobre os conhecimentos escolares que os estudantes se mostraram capazes de mobilizar para resolver situações-problema, apresentadas por meio de itens (questões) de prova. Essa capacidade de mobilizar conhecimento para resolver problemas é o que se entende por proficiência, sendo que há casos mais simples de serem resolvidos assim como há casos mais complexos. A partir da organização desses problemas, baseado no grau de complexidade, é criada a chamada escala de proficiência. Nesse sentido, a edição de 2022 contribuiu com a inclusão de novos descritores na escala de proficiência, apresentados a seguir.



Clique nos níveis de proficiência para ver a descrição das novas tarefas inseridas na escala de proficiência, obtidas no SARESP 2022 e o percentual de alunos que respondeu corretamente cada uma dessas tarefas.

Abaixo do Básico Básico Adequado Avançado

De modo simplificado, pode-se dizer que quanto maior a proficiência média de uma turma em relação à posição do item na escala, maior é a probabilidade de a tarefa ser respondida corretamente. Lembrando que a proficiência média da turma decorre dos desempenhos dos alunos dessa turma na prova e que esses desempenhos são díspares, pois refletem os estágios desiguais da aprendizagem da turma, já que uns dominam mais algumas habilidades do que outros. Por isso, é importante ter clareza de que a proficiência média de uma turma ser igual a 220, por exemplo, não permite dizer que todos os alunos daquela turma têm proficiência 220.

Assim sendo, para essa turma é esperado que esses alunos tenham maiores chances de acertar itens como aqueles descritos nos pontos 150, 175 e 200. Em contrapartida, para os itens descritos em pontos mais altos da escala, a chance de acerto existe, porém é reduzida, de modo que é esperado que uma parcela pequena desses alunos seja capaz de acertar uma tarefa que está ancorada nos pontos 300 ou superior. Para saber o percentual de alunos capaz de lidar com essas tarefas ancoradas nos pontos mais altos da escala, é preciso analisar o boletim de sua escola e ver o contingente de estudantes que estão distribuídos nos níveis mais altos da escala.

A habilidade de resolver problema envolvendo porcentagem deu origem a três itens classificados como âncoras, cujos descritores fazem parte da escala de proficiência em diferentes pontos, mostrando que, apesar de estarem relacionados a uma mesma habilidade, eles trazem tarefas com diferentes graus de complexidade para o alunado.

O primeiro desses itens, o mais simples, está ancorado no nível 275, caracterizando uma tarefa do nível básico. A proposta envolve determinar o valor de um desconto referente a 10% do valor do produto (R$40,00). A proposta é simples e direta, cuja solução demanda apenas relembrar que 10% de um valor corresponde a 1/10 desse valor, que nesse caso é igual a R$4,00. A presença de distratores, obtidos a partir da associação de 10% a R$10,00 pode ter contribuído para elevar um pouco o grau de dificuldade desse problema.

Um segundo item, ancorado no ponto 325, traz a proposta inversa, ou seja, a partir do valor anterior e posterior a um aumento que um produto teve, o objetivo recai sobre a determinação do percentual que caracteriza essa alteração, para mais, no valor cobrado por esse produto.

Mais uma vez, a presença de alternativa de resposta que remete a uma associação direta entre valor absoluto do aumento e a porcentagem parece ser um fator complicador significativo para os estudantes. Mais precisamente, nesse caso, mais da metade dos alunos tomaram que um aumento de R$4,00, num produto que custava R$20,00, corresponde a 4% de aumento.

A intervenção do professorado é necessária nesses casos, numa proposta mais voltada para recuperação de ideias centrais da porcentagem. Isso porque, é bastante provável que o aumento de R$4,00 será associado a um aumento de 4%, independentemente do valor original do produto. Enquanto não forem reestabelecidas as bases que sustentam todo o desenvolvimento do estudo da porcentagem, é improvável tomar que apenas mudanças e/ou adequações nos problemas propostos e discutidos em sala serão suficientes para elevar a proficiência dos estudantes a ponto de terem alta probabilidade de resolverem corretamente esse tipo de tarefa.

Por fim, cabe destacar que o fator de complexidade nesse tipo de tarefa parece residir, de fato, no que foi posto até então. Isso porque outro problema, envolvendo porcentagem para determinar o valor a ser pago em um boleto, cujo desconto percentual aplicado dependia da data do pagamento, também está ancorado no ponto 325. Ou seja, um incremento na leitura do problema, cuja compreensão era necessária para determinação do desconto a ser aplicado parece ter mudado pouco a complexidade do problema. Isso se destaca, por exemplo, numa maior pulverização das escolhas dos estudantes que optaram por uma resposta incorreta, contudo, o percentual daqueles que optaram pela resposta correta permanece muito próximo do exemplo apresentado anteriormente.

Uma estratégia que o professorado pode adotar é encontrar na escala outros descritores relativos a essa habilidade, construir situações-problemas com diferentes níveis de complexidade, iniciando das menos complexas, situações-problema mais simples, associadas à mesma habilidade e objeto do conhecimento, e que podem ser resolvidas ainda que os estudantes tenham uma proficiência menor, ou seja, itens posicionados em pontos anteriores da Escala.

Nesse sentido, é de grande importância que os professores e gestores se valham de consultas à Descrição da Escala de Proficiência, que contém, não apenas dos itens âncoras aplicados no SARESP 2022, mas também a descrição de todos os outros itens aplicados em edições anteriores. Ela apresenta a posição do item na Escala, ou seja, a proficiência requerida dos estudantes dos respectivos anos/série para que o respectivo item seja respondido com alta probabilidade de acerto.



Os itens aqui citados são apenas exemplos, dentre os inúmeros que os professores poderão consultar a partir do quadro da Escala de Proficiência, ampliando as possibilidades de se ter melhor dimensão da aprendizagem dos estudantes nos diferentes componentes curriculares dessa etapa da escolarização.

Para saber mais sobre a escala de proficiência, encontrar sugestões de como utilizá-la e os descritores obtidos ao longo das edições do SARESP, clique aqui.

Por fim, os dados estatísticos que indicam como a prova aplicada se apresentou em relação ao índice de dificuldade dos itens e seu índice de discriminação.

Dificuldade X Discriminação dos itens da prova

DIFICULDADE

Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%

Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%

Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%

Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%

Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%

DISCRIMINAÇÃO

Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.



Podemos notar que a prova apresentou poucos itens com índices ruins de discriminação, uma vez que as colunas em tons alaranjados totalizam apenas 10 itens. Também podemos notar o baixo número de itens difíceis na prova, sendo a maior concentração de itens de dificuldade mediana.

Para ter acesso a alguns itens comentados da prova, clique aqui.