SARESP EM REVISTA
A edição de 2022 do SARESP contou com a participação de 119 773 estudantes da rede estadual na aplicação das provas do 5º ano EF, o que corresponde a 91,8% do que foi previsto. Esse percentual de participação dos alunos é superior ao observado na edição anterior, ficando próximo ao que costumava ser observado antes da pandemia. Esse contingente permite a obtenção de dados mais próximos da realidade escolar, trazendo representatividade e maior segurança para o processo, o que é fundamental tanto para a aferição da proficiência da rede escolar como para indicar os fatores que influenciam no desempenho escolar.

Segundo dados obtidos a partir das respostas apresentadas nos questionários propostos aos estudantes que participaram da prova e seus responsáveis, os principais fatores que impactaram positivamente (verde) ou negativamente (vermelho) o desempenho dos estudantes na prova de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental foram:



Para saber mais sobre os fatores associados que impactam no desempenho dos estudantes, clique aqui.

A seguir, tem-se um histórico da média de proficiência aferida para essa turma, ao longo das edições do SARESP, de 2010 a 2022, além da distribuição dos alunos da rede estadual nos níveis de proficiência, considerando o resultado da edição 2022.




  • Observa-se uma ligeira queda na média de proficiência entre os estudantes do 5º ano de 2021 para 2022. Apesar de os resultados atuais permanecerem praticamente iguais aos aferidos em 2021, ainda permanecem bastante inferiores aos melhores índices alcançados nas séries históricas anteriores à pandemia.
  • Os estudantes com proficiência superior ao nível Básico estão em número muito mais expressivo do que apresentam desempenho abaixo do básico.
  • De toda forma, cabe ressaltar que, ao final do 5 ano EF, quase um quinto dos alunos termina esse ciclo escolar sem dominar minimamente as habilidades previstas para serrem desenvolvidas durante ele.
Cada edição da prova SARESP é montada com provas contendo 104 itens (questões). Parte da prova é composta por itens de edições anteriores para garantir a comparabilidade dos resultados de diferentes edições. Contudo, há também a proposição de tarefas inéditas, visando ampliar o leque de informações sobre os conhecimentos escolares que os estudantes se mostraram capazes de mobilizar para resolver situações-problema, apresentadas por meio de itens (questões) de prova. Essa capacidade de mobilizar conhecimento para resolver problemas é o que se entende por proficiência, sendo que há casos mais simples de serem resolvidos assim como há casos mais complexos. A partir da organização desses problemas, com base no grau de complexidade, é criada a chamada escala de proficiência. Nesse sentido, a edição de 2022 contribuiu com a inclusão de novos descritores na escala de proficiência, apresentados a seguir.


Clique nos níveis de proficiência para ver a descrição das novas tarefas inseridas na escala de proficiência, obtidas no SARESP 2022 e o percentual de alunos que respondeu corretamente cada uma dessas tarefas.

Abaixo do Básico Básico Adequado Avançado

De modo simplificado, pode-se dizer que quanto maior a proficiência média de uma turma em relação à posição do item na escala, maior é a probabilidade de a tarefa ser respondida corretamente. Lembrando que a proficiência média da turma decorre dos desempenhos dos alunos dessa turma na prova e que esses desempenhos são díspares, pois refletem os estágios desiguais da aprendizagem da turma, já que uns dominam mais algumas habilidades do que outros. Por isso, é importante ter clareza de que a proficiência média de uma turma ser igual a 220, por exemplo, não permite dizer que todos os alunos daquela turma têm proficiência 220.

Assim sendo, para essa turma é esperado que esses alunos tenham maiores chances de acertar itens como aqueles descritos nos pontos 150, 175 e 200. Em contrapartida, para os itens descritos em pontos mais altos da escala, a chance de acerto existe, porém é reduzida, de modo que é esperado que uma parcela pequena desses alunos seja capaz de acertar uma tarefa que está ancorada nos pontos 300 ou superior. Para saber o percentual de alunos capaz de lidar com essas tarefas ancoradas nos pontos mais altos da escala, é preciso analisar o boletim de sua escola e ver o contingente de estudantes que estão distribuídos nos níveis mais altos da escala.

Em uma avaliação em larga escala, em vista do objetivo de se contemplarem os distintos níveis de proficiência, ou seja, estágios mais discretos ou mais avançados de desenvolvimento das competências e habilidades previstas para cada etapa de ensino, os cadernos de provas trazem questões construídas com diferentes graus de complexidade.

O objetivo fundamental dessa distribuição quanto ao grau de complexidade das atividades propostas nos itens é que a prova possa alcançar todos os participantes, por meio de tarefas que possam ser realizadas, numa ponta, por aqueles participantes que tendem a apresentar um desempenho mais tímido e, na outra, por aquele grupo com desempenho mais avançado, em busca de atividades mais desafiadoras. Essa abrangência permite a construção de um quadro o mais preciso possível daquilo que as turmas em diferentes níveis de proficiência conseguem realizar. É o resultado dessa aferição quanto ao que as turmas classificadas nos níveis de proficiência que vão do abaixo do básico (que demonstram ainda não terem se apropriado do básico esperado para a etapa escolar que estão cursando) ao avançado (capazes de realizar tarefas que extrapolam os limites do previsto para o ano escolar que estão cursando) que se encontra detalhado na “Escala proficiência”.

No que diz respeito à referida variação quanto ao grau de complexidade dos itens, ela é obtida primeiramente a partir do conjunto de habilidades distintas em relação às quais os alunos são avaliados na prova. Evidentemente, por sua natureza, tarefas relacionadas a uma habilidade para reconhecer a relação de sentido que elementos linguísticos como articuladores textuais estabelecem no texto tendem a ser mais complexas que uma tarefa de leitura voltada pala a localização de informações que figuram explicitamente nos textos. Outra maneira de se obter essa gradação é por meio da construção de itens que, mesmo tendo a finalidade de avaliar os alunos em relação a uma mesma habilidade, apresentam diferentes graus de complexidade, distinção essa que pode ser conseguida de maneiras diversas.
Das estratégias para a apresentação ao aluno de tarefas que possam trazer variação quanto ao grau de dificuldade, apesar de voltadas para a avaliação do nível de desempenho de uma mesma habilidade, uma delas diz respeito à seleção dos elementos linguísticos objeto de avaliação e outra, talvez a mais importante, à seleção do texto que servirá de base para a criação da tarefa. Basta considerar que, em casos de tarefas em que se objetive avaliar o sentido expresso por articuladores textuais, evidentemente os alunos tendem a reconhecer mais facilmente o sentido de advérbios ou adjuntos adverbiais que expressam noções como tempo (à noite, hoje, agora, atualmente, vezes) ou causa (devido a) do que a relação de sentido que as conjunções subordinadas estabelecem entre os enunciados, mesmo quando se trata daquelas mais frequentemente empregadas. No mesmo sentido, é mais fácil ao aluno compreender essas relações de sentido no contexto de leitura de uma tirinha ou de narrativas curtas como lendas ou fábulas do que em textos como poemas ou em notícias.
Na avaliação de 2022, um exemplo bastante consistente dessa variação do grau de complexidade de tarefas de uma mesma habilidade pode ser observado por meio dos itens voltados para avaliar a habilidade para identificar os elementos que compõem a estrutura dos textos narrativos, como o tempo e o cenário (espaço), o foco narrativo, os personagens e o conflito gerador.

A habilidade para identificar os elementos estruturantes do texto narrativo foi justamente uma das mais exploradas na edição 2022 do SARESP, apresentando um número bastante satisfatório de itens na composição da prova. Apesar de todos se destinarem à aferição do desempenho dos alunos em relação à mesma habilidade, esses itens tinham diferentes graus de complexidade, conforme se verifica por meio das posições distintas que cada um deles ocupa na escala de proficiência.

Desse modo, tem-se, primeiramente, um item posicionado no ponto 150 da escala, que traz justamente a descrição das tarefas que puderam ser realizadas pelas turmas com desempenho mínimo esperado para essa etapa de ensino. Tanto o contexto de leitura quanto a categoria dos elementos presentes no texto que se constituem como objeto de avaliação parece ter contribuído decisivamente para essa percepção dos alunos de que a tarefa apresenta baixo grau de complexidade. No que diz respeito ao texto, trata-se de um trecho curto de uma versão da narrativa “Os três porquinhos”, trecho este em que basicamente são descritas as características dos três personagens. Nesse contexto, é solicitado ao aluno justamente a identificação das qualidades atribuídas no texto a um desses personagens, ou seja, que o aluno relacione corretamente esse personagem aos adjetivos empregados na narrativa para qualificá-lo.

Ainda entre as tarefas que podem ser realizadas pelo grupo de alunos com desempenho básico na prova, mas localizada no ponto seguinte da escala de proficiência, o 175, outro item se mostra ligeiramente mais complexo que o primeiro basicamente em razão do contexto de leitura: nesse caso, trata-se de episódio completo de uma narrativa, portanto um texto mais longo, com referência ao tempo e ao espaço em que se desenvolvem os eventos narrados. Os personagens são caracterizados não por meio de adjetivos que os qualifiquem, mas por meio de ações que deixam transparecer traços do seu caráter. Um texto com esse estilo composicional por si só resulta em uma tarefa de leitura mais sofisticada.

Uma terceira tarefa dessa habilidade encontra posicionada no ponto 200 da escala de proficiência, correspondente ao grupo com desempenho adequado na prova. Nesse caso, tanto o contexto de leitura – uma narrativa, carregada de lirismo, das reminiscências da infância do narrador relacionadas à casa de seus avós – quanto a especificidade da atividade, a identificação de elementos que fazem parte do cenário de um evento específico retratado pelo narrador, parecem ter contribuído decisivamente para que a atividade tenha sido percebida pelos alunos como tendo maior complexidade que as anteriores.

Pode, ainda, ser citado como outro fator que contribui para a diferença de complexidade entre essas tarefas o tipo de informação trazida nas alternativas de resposta. Em relação a esse ponto, basta considerar que, enquanto as respostas do primeiro item comentado, localizado na posição 150 da escala, restringiam-se a adjetivos empregados para caracterizar as personagens no texto, nesse último caso o que as alternativas de resposta traziam dizia respeito à descrição das imagens que o narrador guardava na memória de diferentes ambientes da casa de seus avós: naturalmente relacionar essas informações ao restante do contexto de leitura é muito mais difícil do que identificar qual adjetivo é empregado na descrição das características de um personagem.

Apesar de se tratar de uma habilidade de leitura relacionada à análise de elementos constituintes de uma tipologia textual já bastante trabalhada nessa etapa de escolarização, chama a atenção o fato de que o item mais complexo desse grupo – o último comentado – tenha atingido percentual de acerto pouco superior a 50%. De todo modo, esse aproveitamento é coerente com resultados do SARESP 2022, em que menos da metade dos estudantes apresentaram proficiência adequada ou avançada.

Assim sendo, esse diagnóstico constitui um importante ponto de partida para que o professor possa planejar as atividades de ensino em sala de aula. Para seu planejamento, os professores podem tomar por base os descritores relativos a essa habilidade localizados nos diferentes pontos da escala de proficiência e, a partir desses descritores, propiciar aos estudantes atividades de leitura e de análise dos elementos constituintes de textos narrativos, retomando os gêneros textuais menos complexos, como as lendas e fábulas, e evoluindo gradativamente para textos como narrativas infantojuvenis até chegar a textos que exigirão maior maturidade dos alunos leitores.

Nesse sentido, é de grande importância que os professores e gestores se valham de consultas à Descrição da Escala de Proficiência, que contém, não apenas os itens âncoras aplicados no SARESP 2022, mas também a descrição de todos os outros itens aplicados em edições anteriores. Ela apresenta a posição do item na Escala, ou seja, a proficiência requerida dos estudantes dos respectivos anos/série para que o respectivo item seja respondido com alta probabilidade de acerto.


Os itens aqui citados são apenas exemplos, dentre os inúmeros que os professores poderão consultar a partir do quadro da Escala de Proficiência, ampliando as possibilidades de se ter melhor dimensão da aprendizagem dos estudantes nos diferentes componentes curriculares dessa etapa da escolarização.

Para saber mais sobre a escala de proficiência, encontrar sugestões de como utilizá-la e os descritores obtidos ao longo das edições do SARESP, clique aqui.

Por fim, os dados estatísticos que indicam como a prova aplicada se apresentou em relação ao índice de dificuldade dos itens e seu índice de discriminação.

DIFICULDADE

Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%

Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%

Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%

Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%

Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%

DISCRIMINAÇÃO

Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.


Esse quadro permite observar que apenas um entre todos os itens que compõem a prova apresentou baixo índice de discriminação, conforme identificado nas colunas em tons alaranjados. Nota-se também uma quantidade pouco significativa de itens que foram considerados difíceis, com a maior concentração de itens da prova apresentando dificuldade mediana, além de pouco mais de um terço deles ter se mostrado fáceis para os alunos.

Para ter acesso a alguns itens comentados da prova, clique aqui.