SARESP EM REVISTA
A edição de 2022 do SARESP contou com a participação de 104 995 estudantes da rede estadual na aplicação das provas do 2º ano EF (censitária) e com 10 632 alunos do 3º ano EF (amostral), o que corresponde a 87,6% e 88,2%, respectivamente, do que foi previsto. Esse contingente permite a obtenção de dados mais próximos da realidade escolar, trazendo representatividade e maior segurança para o processo, o que é fundamental tanto para a aferição da proficiência da rede escolar como para indicar os fatores que influenciam no desempenho escolar.

No comparativo com a edição anterior (2021), os dois anos avaliados apresentaram ganho na média de proficiência, sendo que o 2º ano EF subiu de 160,8 para 169,4 (um ganho de 8,6 pontos), enquanto o 3º ano EF passou de 180,5 para 182,2 (aumento de 1,7 ponto). Esses resultados sugerem que o retorno na rotina da sala de aula trouxe benefícios para esses estudantes, em especial para os do 2º ano EF, propiciando condições para um melhor desenvolvimento das habilidades propostas no currículo paulista.

Essa melhora também se reflete na distribuição dos alunos nos níveis de proficiência, na qual podemos observar maior percentual de alunos demonstrando domínio pleno, ou mesmo mais do que isso (nível Avançado), dos conteúdos, competências e habilidades desejáveis para a série escolar em que se encontram.

Cada edição da prova SARESP é montada com provas contendo um grande número de itens (questões), sendo que cada aluno responde apenas uma parte desse quantitativo. Além disso, parte da prova é composta por itens de edições anteriores para garantir a comparabilidade dos resultados de diferentes edições. Contudo, há também a proposição de tarefas inéditas, visando ampliar o leque de informações sobre os conhecimentos escolares que os estudantes se mostraram capazes de mobilizar para resolver situações-problema, apresentadas por meio de itens (questões) de prova. Essa capacidade de mobilizar conhecimento para resolver problemas é o que se entende por proficiência, sendo que há casos mais simples de serem resolvidos assim como há casos mais complexos. A partir da organização desses problemas, com base no grau de complexidade, é criada a chamada escala de proficiência. Nesse sentido, a edição de 2022 contribuiu com a inclusão de novos descritores na escala de proficiência, apresentados a seguir.



Clique nos níveis de proficiência para ver a descrição das novas tarefas inseridas na escala de proficiência, obtidas no SARESP 2022 e o percentual de alunos que respondeu corretamente cada uma dessas tarefas.

2º ano EF

Abaixo do Básico Básico Adequado Avançado

3º ano EF

Abaixo do Básico Básico Adequado Avançado


modo simplificado, pode-se dizer que quanto maior a proficiência média de uma turma em relação à posição do item na escala, maior é a probabilidade de a tarefa ser respondida corretamente. Lembrando que a proficiência média da turma decorre dos desempenhos dos alunos dessa turma na prova e que esses desempenhos são díspares, pois refletem os estágios desiguais da aprendizagem da turma, já que uns dominam mais algumas habilidades do que outros. Por isso, é importante ter clareza de que a proficiência média de uma turma ser igual a 220, por exemplo, não permite dizer que todos os alunos daquela turma têm proficiência 220. Assim sendo, para essa turma é esperado que esses alunos tenham maiores chances de acertar itens como aqueles descritos nos pontos 150, 175 e 200. Em contrapartida, para os itens descritos em pontos mais altos da escala, a chance de acerto existe, porém é reduzida, de modo que é esperado que uma parcela pequena desses alunos seja capaz de acertar uma tarefa que está ancorada nos pontos 300 ou superior. Para saber o percentual de alunos capaz de lidar com essas tarefas ancoradas nos pontos mais altos da escala, é preciso analisar o boletim de sua escola e ver o contingente de estudantes que estão distribuídos nos níveis mais altos da escala. Uma mesma habilidade pode compor diferentes pontos da escala de proficiência, dependendo da forma como for abordada no item. Na prova do 2º ano, por exemplo, dois itens estavam relacionados à habilidade EF01LP26B – Identificar, na leitura de diferentes textos do campo artístico literário (contos, fábulas, lendas, entre outros), os elementos constituintes da narrativa: personagens, narrador, conflito, enredo, tempo e espaço. Essa diferença está pautada no nível de complexidade de cada situação proposta. O mais simples está descrito no ponto 125 da escala e apresenta uma tarefa na qual o aluno precisa identificar sobre quem é essa cantiga. Vale destacar que a resposta é encontrada logo no início da cantiga, e ainda há imagens de apoio que ilustram a cantiga. Agora, no ponto 175 está posicionado um item que traz a lenda do Curupira, cujo objetivo é encontrar no texto o que deve ser entregue para o Curupira para poder escapar dele. A diferença em relação ao grau de complexidade desses itens pode se dar em função dos textos de apoio. O primeiro texto é uma cantiga que sugere já na primeira linha qual seria o personagem retratado, fazendo uma referência explícita ao “saci”, além de elencar ao longo do texto algumas características que remetem a essa figura, que costuma ser bem conhecido pelos estudantes nessa etapa de escolaridade, já que costuma ser bastante retratado em leituras de fábulas, lendas ou outros textos. Já segundo texto é uma lenda, e, apesar de mais curto, é ligeiramente mais complexo e exige maior atenção para a compreensão das suas informações. Feitas essas observações, vale lembrar a importância de o trabalho em sala de aula propiciar aos alunos atividades de leitura de uma mesma habilidade, mas que apresentem diferentes graus de complexidade, de modo que tanto os alunos com menores proficiências quanto aqueles cuja proficiência é característica dos níveis mais elevados se sintam contemplados pelo olhar do professorado. Outro exemplo, agora na prova do 3º ano EF, refere-se a questões elaboradas a partir da habilidade EF02LP28A: Ler e compreender, com certa autonomia, contos de fadas, maravilhosos, populares, fábulas, crônicas entre outros textos do campo artístico literário, considerando a situação comunicativa, o tema/o estilo do gênero. Ambas as questões estão ancoradas no mesmo ponto da escala, o 175. Porém, apesar de ocuparem a mesma posição da escala de proficiência, as duas questões, de mesma habilidade, apresentam graus de dificuldade distintos, já que uma foi classificada como fácil e a outra médio. Isso reforça que não há uma relação direta e simples entre grau de complexidade (proficiência) e grau de dificuldade. O que difere uma questão da outra é a forma como a pergunta é organizada na comanda, o que interfere diretamente no que o aluno precisa responder: saber o motivo pelo qual os grous decidiram ir embora é mais fácil de identificar no texto do que saber a razão do choro da menina, algo mais subjetivo no contexto de leitura. Embora as duas questões avaliem a habilidade dos alunos de relacionar informações textuais em textos pertencentes ao mesmo gênero, o item estatisticamente classificado como mais fácil, a fábula, traz a informação mais explicitamente, de modo que a tarefa exige do aluno apenas a capacidade de extraí-la do contexto de leitura, enquanto a identificação da resposta correta para a outra questão exige maior grau de inferência. A comparação do desempenho dos alunos nessas duas tarefas de leitura evidencia a importância de o trabalho em sala de aula buscar apresentar atividades de leitura e de análise de textos relacionadas a uma mesma habilidade, mas com diferentes graus de dificuldade/complexidade, de modo que se possa propiciar tarefas acessíveis a todos os alunos, tendo-se a clareza de que a sala de aula não é composta por um grupo homogêneo, mas, antes, por alunos que, ainda que em uma mesma etapa de ensino, encontram-se em diferentes estágios de aprendizagem. Nesse sentido, é de grande importância que os professores e gestores se valham de consultas à Descrição da Escala de Proficiência, que contém, não apenas dos itens âncoras aplicados no SARESP 2022, mas também a descrição de todos os outros itens aplicados em edições anteriores. Ela apresenta a posição do item na Escala, ou seja, a proficiência requerida dos estudantes dos respectivos anos/série para que o respectivo item seja respondido com alta probabilidade de acerto.


Os itens aqui citados são apenas exemplos, dentre os inúmeros que os professores poderão consultar a partir do quadro da Escala de Proficiência, ampliando as possibilidades de se ter melhor dimensão da aprendizagem dos estudantes nos diferentes componentes curriculares dessa etapa da escolarização.

Para saber mais sobre a escala de proficiência, encontrar sugestões de como utilizá-la e os descritores obtidos ao longo das edições do SARESP, clique aqui.

Por fim, os dados estatísticos que indicam como a prova aplicada se apresentou em relação ao índice de dificuldade dos itens e seu índice de discriminação.

Dificuldade X Discriminação dos itens da prova do 2º ano EF

DIFICULDADE

Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%

Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%

Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%

Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%

Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%

DISCRIMINAÇÃO

Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.
















Dificuldade X Discriminação dos itens da prova do 3º ano EF

DIFICULDADE

Muito Fácil: percentual de acerto superior a 85%

Fácil: percentual de acerto entre 65% e 85%

Médio: percentual de acerto entre 35% e 65%

Difícil: percentual de acerto entre 15% e 35%

Muito Difícil: percentual de acerto inferior a 15%

DISCRIMINAÇÃO

Índice que analisa o percentual de acerto em dois grupos, chamados de menor e de maior desempenho, que correspondem a um recorte dos alunos da turma que realizaram a prova. O grupo de menor desempenho é constituído por aproximadamente 27% dos estudantes que obtiveram os menores escores (número de acertos) em toda a prova de matemática. Analogamente, o grupo de maior desempenho também possui contingente parecido do aluno, mas que obtiveram os maiores escores na prova. O índice de discriminação é calculado a partir da diferença do percentual de acerto desses dois grupos no item, sendo que seu propósito é comparar o desempenho desses dois grupos opostos na realização de uma determinada tarefa proposta na prova, verificando assim se o item apresentado tem a propriedade de diferenciar o desempenho daqueles que obtiveram os melhores resultados no teste daqueles que conquistaram os resultados mais tímidos. Em geral, índices de discriminação mais baixos normalmente são observados em itens extremos, ou seja, considerados muito fáceis, em que uma imensa maioria acerta, ou de itens muitos difíceis, que estão relacionados a ideias mais complexas e que se mostraram pouco consolidadas, mesmo para estudantes com bons desempenhos gerais na área de conhecimento. Em contrapartida, itens com bons índices de discriminação decorrem de tarefas cujo conhecimento necessário para sua resolução está bem consolidado no grupo de maior desempenho, mas não está para o grupo de menor desempenho.



Podemos notar que tanto a prova do 2º ano EF como a do 3º ano EF não apresentou itens com índices ruins de discriminação, uma vez que as colunas em tons alaranjados estão zeradas. Também podemos notar que nenhum item foi considerado difícil nessas provas, de modo que os itens se dividiram apenas em dois grupos de tamanho próximo: os medianos e os fáceis.

Para ter acesso a alguns itens comentados da prova do 2º ano EF, clique aqui.

Para ter acesso a alguns itens comentados da prova do 3º ano EF, clique aqui.

Vale lembrar que a prova desses dois anos também inclui questões de resposta construída, ou seja, questões que não apresentam alternativas de resposta, cabendo aos estudantes formularem suas hipóteses, desenvolvê-las e chegarem a uma resposta final, sem a garantia de ser uma opção de resposta válida. Todas essas respostas são corrigidas por professores especialistas, que seguem um roteiro de correção, atribuindo critérios para as soluções apresentadas.

Para ter acesso aos itens de resposta construída, aplicados aos alunos do 2º ano EF, clique aqui.

Para ter acesso aos itens de resposta construída, aplicados aos alunos do 3º ano EF, clique aqui.

Por fim, é importante lembrar que o professorado pode se valer desses itens apresentados, porém sem se limitar apenas a estes. Há a possibilidade de recorrer a relatórios de edições anteriores, que também trazem esse tipo de análise. Mas, é fundamental analisar e fazer uso da escala de proficiência, uma vez que esta organiza as atividades de acordo com sua complexidade, indicando a proficiência mínima necessária para que os alunos tenham alta probabilidade de resolvê-las corretamente. Assim, torna-se possível organizar diferentes momentos na sala de aula voltados para as diferentes necessidades da turma, seja para retomadas e revisões, que devem se apoiar, segundo a escala, nos itens mais simples, ou então para aprofundamentos, baseados nos descritores presentes nos pontos mais altos da escala.