SARESP: Um Olhar para a Evolução da Aprendizagem A avaliação educacional se depara constantemente com o desafio de poder iluminar os caminhos pedagógicos mais adequados para a efetividade das aprendizagens, inclusive na idade certa, considerando os seus mais diferentes níveis de atuação, âmbitos e instâncias institucionais. Para a avaliação em larga escala esse raciocínio também é válido. Seus resultados devem evidenciar e inspirar a ação educativa e docente com vistas à melhoria do aprendizado dos alunos. No SARESP os resultados são apresentados em diversos formatos, permitindo a visualização das médias de proficiência, níveis de desempenho e evolução histórica tanto para o conjunto da rede estadual, como pelas regiões, Diretorias e unidades escolares, olhando para os respectivos anos e série avaliados nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Já temos instalada a vivência dos educadores com o Boletim das Escolas – publicados anualmente - e mais recentemente foram incorporadas outras ferramentas que agrupam informações do SARESP e IDESP. Além disso existem as publicações “Saresp em Revista” e “Sumário Executivo” que também organizam, de formas específicas, os resultados das respectivas edições do SARESP. Certamente, na busca pela evolução da aprendizagem, quanto mais conseguirmos evidências das dificuldades buscando o ponto exato em que os alunos se encontram, mais oportunidades teremos para traçar planos de ação pedagógica no sentido de atenuá-las e superá-las selecionando as estratégias mais adequadas. No intuito de ampliar e aprofundar as possibilidades de análise, a equipe do Departamento de Avaliação Educacional – DAVED – se debruçou sobre uma outra maneira possível de olhar para esses resultados mantendo como foco as aprendizagens desejáveis a serem apresentadas pelos alunos no sentido de “que se tornem recursos pedagógicos efetivos, transformando os resultados das avaliações em instrumentos de gestão pedagógica do currículo”, como previsto para o SARESP no Plano Estadual de Educação (Item 3.3 - da Meta 3 - Lei 16.279/2016). Nesse sentido, olhando para o resultado da rede, a equipe identificou em qual ponto das proficiências abarcadas nos quatro níveis utilizados no SARESP (Abaixo do Básico, Básico, Adequado e Avançado) para cada ano/série e disciplina, se encontra o resultado de cada um. Com isso foi possível observar a adequação do resultado diante do que se espera para cada ano/série e disciplina. Quando o resultado demonstra inadequação interpretamos isso como “Defasagem em Proficiência”, e realizamos sua projeção à série na qual tal ponto seria Adequado. Foi deste modo que desenvolvemos o modelo dos gráficos publicados na segunda parte da seção Linha do Tempo e Evolução da Aprendizagem considerando os resultados que temos presentemente. Para um entendimento mais detalhado, selecionamos um gráfico do 9º ano do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa e um gráfico da 3ª série do Ensino Médio em Matemática, e ilustraremos a interpretação daquilo que esse gráfico nos informa, utilizando as médias da Rede Estadual de São Paulo. Gráfico 1: Proficiência Alcançada - SARESP 2018 9º Ano do Ensino Fundamental de Língua Portuguesa Neste gráfico está posicionada a média de proficiência em Língua Portuguesa do 9º Ano do Ensino Fundamental em 2018. Como o valor inicial da área do Nível Adequado para o 9º ano de Língua Portuguesa é 275, e o valor da média do 9º ano é 249,6, o ponto que representa esta média está na área amarela, que representa o Nível Básico. Portanto, dizemos que esta série apresenta Defasagem em Proficiência. Fazendo-se a projeção horizontal a partir do ponto 249,6 até que este encontre o ponto médio da área de Nível Adequado (ponto médio da área azul, no mesmo nível horizontal), encontra-se o ano/série em que tal valor é considerado satisfatório. Para o exemplo acima, o 9º ano de Língua Portuguesa apresenta média de proficiência adequada para os alunos do final do 7º ano e início do 8º ano, conforme ilustrado na barra inicial inferior do gráfico. Gráfico 2: Proficiência Alcançada - SARESP 2018 3ª Série do Ensino Médio de Matemática Neste outro gráfico está posicionada a média de proficiência em Matemática da 3ª série do Ensino Médio em 2018. Como o valor inicial da área do Nível Adequado para a 3ª série de Matemática é 350, e o valor da média da 3ª série é 278,6, o ponto que representa esta média está na área amarela, que representa o Nível Básico. Portanto, dizemos que esta apresenta Defasagem em Proficiência. Fazendo-se a projeção horizontal a partir do ponto 278,6 até que este encontre o ponto médio da área de Nível Adequado (ponto médio da área azul, no mesmo nível horizontal), encontra-se o ano/série em que tal valor é considerado satisfatório. Para o exemplo acima, a 3ª série de Matemática apresenta média de proficiência adequada para os alunos do início do 8º ano, conforme ilustrado na barra inicial inferior do gráfico. Considerando as defasagens observadas em cada gráfico para cada ano/série e disciplina, é possível identificar as tarefas que os alunos nesses intervalos de proficiência mostram ser capazes de fazer. Para tanto, deve ser utilizado o documento “Descrição da Escala” (encontrado nas edições das Revistas do SARESP), associando os pontos relativos à média de Proficiência do ano/série de origem e do ano/série projetado. Por exemplo, para o gráfico do 9º ano do Ensino Fundamental de Língua Portuguesa, o ponto de origem de proficiência é o 249,6 para a série de origem (9º ano) e que foi projetado como Adequado para o final do 7º ano. Portanto, deveremos olhar para os dois documentos “Descrição da Escala” (7º e 9º anos) nos quais encontram-se as tarefas que os alunos já realizam (abaixo do valor 249,6) e também o que ainda não fazem (acima de 249,6). Assim ao analisar a Descrição da Escala do 9º ano do Ensino Fundamental, é possível observar, entre outras tarefas, que:
Embora nosso estudo tenha focado os resultados das Médias de Proficiências da Rede Estadual, esse mesmo exercício pode ser realizado pelas unidades escolares se estas desejarem conhecer o ponto no qual se encontra a Evolução da Aprendizagem de seus alunos, frente aos resultados do Saresp. Isso poderá ser feito da seguinte forma: a partir da Média de Proficiência alcançada pela escola em cada ano/série e disciplina (valor esse que pode ser observado no boletim do SARESP), a escola registra tal valor no gráfico de Proficiência Alcançada, na série correspondente. Em seguida, caso este valor esteja abaixo do ponto médio da área Adequada (área azul do gráfico), prolonga-se uma linha horizontal a partir desse ponto até chegar ao ponto médio da área Adequada. Em seguida, em novo prolongamento com uma linha vertical, verifica-se o ano/série que seria adequado a esse valor de proficiência. Observe, a seguir, que há dois gráficos básicos de Proficiência Alcançada, um para cada disciplina pois, os intervalos de proficiência entre Língua Portuguesa e Matemática são diferentes. Abaixo se encontram os gráficos de Proficiência Alcançada sem pontos registrados, para que a escola que deseje, faça tal exercício. Os gráficos vazios podem ser baixados neste link. Gráfico 3: Proficiência Alcançada - Língua Portuguesa Gráfico 4: Proficiência Alcançada - Matemática Toda forma de aproximação na leitura de resultados, dando significado e maior concretude aos mesmos, constitui importante fator facilitador para que os atores envolvidos no processo educativo possam estabelecer relações produtivas com o currículo em desenvolvimento, no sentido de garantir as aprendizagens devidas. Cada ação pensada e executada nessa direção nos conecta no rumo da “melhoria da qualidade da educação”, como explicitada no Plano Estadual de Educação (item IV do Artigo 2º da Lei 16.279/2016) e com o progressivo alcance da meta de qualidade da educação básica como previsto no Plano Nacional de Educação (Meta 7 - Qualidade da Educação Básica/IDEB – Lei 13.005/2014). Com efeito, citando Bernardete Gatti (2013-2014), “avaliações sistêmicas, por si, não mudam o desempenho dos estudantes. Elas podem informar. Mas o que favorece aprendizagens mais ricas é o trabalho educacional qualificado dentro de cada escola, em cada sala de aula.” Portanto, melhorar os resultados implica olhar com objetividade e realismo para aquilo que eles nos mostram. Assim, detectar as fragilidades e atuar sobre elas, seja no desenvolvimento da programação da escola e classes, seja nas prioridades elencadas para as ações de recuperação em qualquer um de seus espaços, pode ser o ponto fulcral para permitir a retomada do percurso adequado da aprendizagem, seu progresso e evolução. Referências bibliográficas: BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei Federal nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Brasil: Diário Oficial da União, 2014. SÃO PAULO (Estado). Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Lei nº 16.279, de 08 de julho de 2016. Aprova o Plano Estadual de Educação de S. Paulo e dá outras providências. São Paulo: Diário Oficial do Estado, 2016. GATTI, B. A. A formação inicial de professores para a educação básica: as licenciaturas. In: Revista USP, n.100, p. 33-46, dez-jan-fev/2013-2014. São Paulo (Estado). SARESP em revista 2018. Publicação anual da revista pedagógica do SARESP. Disponível em: http://saresp.vunesp.com.br/normas.html. Acesso em: 06 mar. 2019. |