v.1, 2017 |
|
|
A edição 2016 do SARESP aferiu a proficiência dos estudantes do 5º Ano do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa, sendo que a média obtida foi 218,6, cerca de seis pontos mais alta que a media registrada na edição 2015 da prova e situa-se no intervalo de proficiência que corresponde ao Nível Adequado em Língua Portuguesa no SARESP para o 5º ano do Ensino Fundamental.
A maioria (68,8%) dos alunos desse ano escolar se classifica nos níveis Básico e Adequado e é também o 5º ano do Ensino Fundamental que registra o menor percentual de alunos no nível Abaixo do Básico em Língua Portuguesa.
Em seguida são apresentados exemplos comentados a fim de ilustrar atividades características que os alunos de cada nível de proficiência são capazes de realizar. Além do enunciado e da solução dos itens, há uma análise gráfica da frequência de escolha de cada alternativa nos três Grupos de Desempenho sendo também fornecida, a Curva Característica do Item que associa a proficiência do respondente e a probabilidade de acertar a questão.
Tema 2 – Reconstrução dos sentidos do texto.
H12 - Inferir informação pressuposta ou subentendida em um texto com base nos recursos gráfico-visuais presentes.
Comentário
O item avalia se o aluno consegue inferir uma informação subentendida em um texto com apoio de recursos gráfico-visuais. Na construção de seu sentido, o texto apoia-se em elementos não verbais, exigindo do leitor que mobilize seu conhecimento partilhado e seu conhecimento de mundo para compreendê-lo. Sem diálogos que possam ajudar o leitor em sua compreensão, ele apresenta apenas uma cena (quadro), na qual os personagens (macaco, onça e tatu) seguram uma placa com a nota zero em desaprovação à atitude do homem (lenhador) que acabara de cortar uma árvore da floresta com seu machado.
Assinalaram a alternativa correta os alunos que compreenderam que os animais deram a nota zero ao homem porque ele estava destruindo a natureza (média de 93,5%). Esse bom desempenho se deve, provavelmente, à familiaridade dos alunos com esse tipo de texto e com os assuntos abordados: avaliação e desmatamento. Essa porcentagem indica que, atentando tanto para a nota zero das placas quanto para as expressões faciais de indignação dos animais e seus polegares direcionados para o chão, a grande maioria inferiu que o homem recebera uma avaliação negativa por desmatar a floresta. Como indicam os índices médios de acerto, alunos dos três grupos tiveram bom desempenho: Grupo 1 – 83,8%; Grupo 2 – 96,6%; Grupo 3 – 98,8%. Dentre os distratores (alternativas incorretas), o D foi o menos assinalado (apenas 0,6%), provavelmente porque não há quaisquer indícios no texto que sustentem o ponto de vista de que o homem tenha recebido nota zero por ter brigado com os animais. Pelo contrário, são os animais que estão dispostos a brigar com o homem por causa de sua atitude. Já os distratores B e C foram escolhidos por, respectivamente, 1,3% e 4,6% dos alunos. Ainda que sejam percentuais baixos, vale ressaltar que esses distratores são plausíveis e certamente atraíram estudantes com baixa proficiência, pois apresentam uma relação direta com a temática “avaliação e desmatamento”, uma vez que zero é a nota que se atribui àqueles que não aprendem nada na escola (“não aprendeu nada na escola”, distrator B) e também é a nota que se atribui àqueles que não realizam corretamente uma tarefa (“não cortou direito a árvore”, distrator C).
|
|
Tema 6 – Compreensão de textos literários.
H25 - Identificar o sentido conotado de vocábulo ou expressão utilizados em segmento de um texto literário, selecionando aquele que pode substituí-lo por sinonímia no contexto em que se insere.
Comentário
O item avalia se o aluno consegue identificar a alteração do sentido de um vocábulo ao ser empregado em um determinado contexto. Para isso, ele precisar entender que, de acordo com o contexto sociocomunicativo em que é empregada, uma palavra pode assumir um sentido denotativo (literal) ou um sentido conotativo (figurado). No verso “Toda vez que a bruxa me assombra”, a palavra “assombrar” é empregada em sentido conotativo, significando “assustar”. Etimologicamente, o verbo “assombrar” deriva da palavra “sombra” e, em sentido literal, significa “cobrir de sombra”, porém, em sentido figurado, passou a significar “amedrontar; assustar; aterrorizar”.
A média geral de acerto dos três grupos mostra que 90,4% dos alunos assinalaram a alternativa correta B, indicando que, de maneira geral, eles conseguem reconhecer o sentido conotado do vocábulo “assombrar”. É provável que esses estudantes tenham tido contato com a palavra “assombrar” em outros contextos sociocomunicativos, familiarizando-se a esse sentido conotado, já que se trata de um emprego bastante comum. O distrator A (acalma) foi aquele que mais atraiu alunos dos três grupos específicos – menor , intermediário e melhor desempenho –, sendo que, no caso dos alunos do Grupo 1, de menor desempenho, o índice de opção por esse distrator foi de 12%. Provavelmente, esses estudantes tiveram dificuldade para compreender a linguagem literária do poema, que apresenta um eu-lírico adulto que traz dentro de si a criança que ele foi um dia e com a qual pode contar no presente em momentos difíceis, de medo. No entanto, mesmo no Grupo 1, a grande maioria (76,5%) escolheu o gabarito como resposta.
|
|
Tema 2 – Reconstrução dos sentidos do texto.
H13 - Inferir tema ou assunto principal de um texto, com base em informações contidas em título, subtítulo ou corpo do texto.
Comentário
O item apresenta um texto informativo e avalia se o aluno consegue inferir o assunto principal que ele veicula, com base em informações contidas no título e no corpo do texto. Para isso, o estudante precisa diferenciar as partes principais do texto das partes secundárias e construir o seu sentido global. Após construir esse sentido global, em primeiro lugar, ele deve conferir se as possíveis respostas apresentam informações condizentes com a notícia, descartando alternativas que, eventualmente, não tenham relação com o assunto tratado na produção textual. E, em segundo lugar, reconhecer qual das alternativas apresenta, em poucas palavras, o tema central da notícia. O texto é uma notícia de jornal de pouca complexidade cujas informações que constituem seu conteúdo aparecem explicitamente.
A média geral dos três grupos indica que 66,5% dos alunos inferiram o assunto principal do texto e assinalaram a alternativa correta D, “A carteira de dinheiro encontrada e devolvida por Lucas”. É interessante notar que o próprio título “O achado” já antecipa, de certa forma, o assunto que ocupará lugar central na notícia. Entretanto, analisando o comportamento específico de cada grupo, observa-se que apenas um terço dos alunos do Grupo 1 escolheu o gabarito como resposta (33,9%). Os percentuais de respostas dos estudantes desse grupo indicam que as opções ficaram distribuídas entre os distratores A, B e C (24%, 26,4% e 15,7%, respectivamente), com preferência pelo B. Isso evidencia que a maioria deles (66,1%) fez uma leitura superficial do texto, desconsiderando as informações necessárias à sua compreensão global. Vale ressaltar que todos os distratores apresentavam informações ligadas ao texto, ainda que fossem informações que complementavam o assunto principal. Os alunos que optaram por esses distratores tiveram dificuldades para diferenciar as partes principais do texto das partes secundárias. Eles não conseguiram extrair, de forma apropriada, o significado de cada uma das informações apresentadas para chegar ao seu sentido global e, consequentemente, identificar aquela que transmitia esse sentido. O distrator A retoma a informação de que os R$ 1.600,00 que estavam na carteira era o pagamento que o pedreiro aposentado recebia por mês; o distrator B retoma a informação de que esse dinheiro seria usado para pagar as contas de casa e os remédios; e o distrator C retoma a informação de que a coordenadora da escola onde Lucas estudava, Rivânia de Araújo, foi quem o ajudou a encontrar Benício Eleutério, o pedreiro dono da carteira. Todas essas informações, porém, eram complementares ao assunto principal, apenas elementos secundários na construção do sentido do texto. Ainda que com um percentual maior de acerto (65,8%), é também significativo o percentual de alunos do Grupo 2 que optou pelos distratores: 34,2%.
|
|
Tema 6 – Compreensão de textos literários.
H32 - Identificar marcas de lugar, tempo ou de época no enunciado de uma narrativa literária.
Comentário
O item avalia se o aluno consegue identificar marcas de lugar no enunciado de uma narrativa literária. O enunciado da questão traz a afirmação de que a narrativa acontece no espaço urbano e, como tarefa, solicita ao estudante que identifique o trecho do texto que confirma essa afirmação. O trecho apresentado pelo gabarito traz indícios do lugar onde a ação da narrativa se desenvolve “A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam por conta própria”: a rua trafegada por veículos indica que os acontecimentos se desenrolam nos espaço urbano.
Levando em consideração a média geral de acertos, observa-se que menos da metade dos alunos (45,5%) conseguiram realizar a tarefa apresentada pelo item. Os índices específicos de cada grupo indicam que apenas os alunos do grupo de melhor desempenho na prova (Grupo 3) apresentaram um índice alto de acerto (72,5%), enquanto os respondentes dos grupos intermediário e de menor desempenho na prova tiveram índices consideravelmente mais baixos (34,5% e 23,4%, respectivamente). Os percentuais gerais de respostas dos estudantes indicam que as opções ficaram bem distribuídas entre os distratores A, C e D (16,3%, 19,1% e 19,2%, respectivamente). Analisando o comportamento de cada grupo específico, é interessante notar que cada um teve maior preferência por um distrator diferente: no Grupo 1, o distrator mais assinalado foi o A (27,1%); no Grupo 2, o D (24,3%); e, no Grupo 3, o C (12%). O fato de não ter havido nenhuma preferência por um distrator específico parece indicar que a habilidade solicitada para realização da tarefa não foi suficientemente desenvolvida, e, por esse, motivo, a escolha por uma das opções de resposta se deu aleatoriamente. A respeito dos distratores, pode-se ressaltar que a alternativa D é a única que poderia ser facilmente descartada, já que não traz referências a espaços. Já as alternativas A e C podem ter atraído os estudantes porque apresentam compartimentos do lugar onde morava Gertrudes, personagem principal da narrativa: em A “Os espelhos se surpreendiam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa”, a palavra “casa” pode ter sido considerada referência ao espaço urbano; e, em C “A moça vivia trancada num salão em que só penetrava sua mãe”, a palavra “salão” pode ter sido considerada referência ao espaço urbano. Em média, os percentuais de respostas indicam que 54,5% dos alunos não conseguiram interpretar corretamente os elementos que compõem a narrativa e identificar o trecho que confirmava a informação de que os acontecimentos narrados ocorreram no espaço urbano.
|
|
|
|
|